quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pensamentos do Luís Fernando Veríssimo

Luis Fernando Veríssimo é escritor, jornalista, humorista e cronista brasileiro, filho do também escritor Érico Veríssimo. É, actualmente, o escritor que vende mais livros no Brasil.
Aqui ficam alguns dos seus pensamentos:

A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final.

Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores.
Gaúcho que é gaúcho não deixa sua mulher mostrar a bunda para ninguém. Nem em baile de carnaval. Gaúcho que é gaúcho não mostra a sua bunda para ninguém. Só no vestiário, para outros homens, e, assim mesmo, se olhar por mais de trinta segundos sai briga.

Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.

Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador.

No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa.

Só acredito naquilo que posso tocar. Não acredito, por exemplo, em Luiza Brunet.

Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas.

A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo?

Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.

Com esse negócio de clonagem, já estou me sentindo um disco de vinil.

É "de esquerda" ser a favor do aborto e contra a pena de morte, enquanto direitistas defendem o direito do feto à vida, porque é sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado.

Pensei vagamente em estudar arquitetura, como todo o mundo. Acabaria como todos que eu conheço que estudaram arquitetura, fazendo outra coisa. Poupei-me daquela outra coisa, mesmo que não tenha me formado em nada e acabado fazendo esta estranha outra coisa, que é dar palpites sobre todas as coisas.

Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.

Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas.

Luís Fernando Veríssimo

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