sábado, 31 de janeiro de 2009

A Escultura, essa injustiçada

É mesmo assim. Enquanto todos nós temos os nossos Livros, Discos, Filmes e Quadros preferidos, poucos serão aqueles que se lhes perguntarem quais as esculturas de que mais gostam, saibam muito claramente o que dizer.
E mesmo no caso de alguém, com timidez, falar nas estátuas do Marquês de Pombal, do Camões, do Eça ou do Pessoa, vai ser muito difícil que conheçam os seus autores.
Escultores consagrados, à época ou mesmo nos nossos dias, mas que passam uma vida obscura longe dos holofotes da fama de uma Paula Rego, de um Lobo Antunes, de um Victorino de Almeida ou de um Manoel de Oliveira.
O"Galo" com o seu espírito Robin dos Bosques plus D.Quixote resolveu repôr a Justiça...
Pra que saibam, a estátua do Marquês de Pombal é da autoria de três escultores e não apenas de um (Francisco Sanches, Adão Bermudes e António de Couto), o Camões foi esculpido por Vitor Bastos, Teixeira Lopes é o autor do conjunto escultórico do Eça e, finalmente, o Professor e Escultor Lagoa Henriques é o responsável pelo êxito urbano que é a estátua de Fernando Pessoa, em plena Brasileira, diariamente fotografado por centenas de turistas.
E podemos talvez começar por aí...Porque é que o Pessoa é um êxito tão grande?Porque as pessoas podem interagir com ele, sentar-se ao lado, fazer poses, tirar fotografias em que elas próprias esão presentes, enquanto que, pelo menos no nosso país, muitas das outras estátuas são pesadas, austeras e clássicas, para observar à distância.
Deixamos aqui vários exemplos de esculturas, um pouco por todo o Mundo, divertidas, urbanas e que interagem com os transeuntes de uma forma bem disposta e informal.











Também a Pequena Sereia, em Copenhague, ex libris da cidade é um exemplo vivo de uma estátua que todos abraçam e com querem ser fotografados.
Para mim foi uma certa desilusão pois, no meu imaginário, o enquadramento seria diferente...















Tenho a noção exacta que muitos dos autores destas peças serão artistas menores, mas estão aqui apenas como exemplos do que a Escultura, arte menosprezada nos nossos dias, poderia fazer pela dinamização e beleza das cidades onde vivemos.


Quem conhece
os nomes ou a obra
de Francisco Simões,
Dorita Castel-Branco,
José Rodrigues
ou Barata Feyo?
Todos artistas com larga produção e trabalhos importantes mas que, mesmo assim, não saiem do círculo restricto dos especialistas.









A única excepção no panorama nacional é João Cutileiro que, pelo seu talento e temática habitual, mas também pelas polémicas que rodeiam muitos dos seus trabalhos mais importantes (D.Sebastião em Lagos ou Monumento ao 25 de Abril, em Lisboa, por exemplo) para além da personalidade irónica e mordaz, conseguiu romper a bruma de silêncio que envolve os Escultores.







A próxima vez que viajar até ao Rio de Janeiro, caminhe até ao fim da Praia do Leblon e sente-se num banco a bater um papo como Poeta e Escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.
Pode aproveitar para beber uma água de coco ou uma caipirinha...
















Comecei a gostar deste tipo de esculturas, sem pretensões e bem dispostas, numa viagem a Malmo, na Suécia, onde as ruas estão pejadas de casos como os aqui mostrados que podem ir de Bandas com inúmeros elementos até Gatos, Patos ou outras figuras de pequena dimensão.
Também na vizinha Copenhaga essa mesma situação se repete.
E, recentemente, em Budapeste tornei a ter a mesma experiência...




Por isso já sabe, máquina fotográfica sempre pronta, e para além da Estátua da Liberdade, da Vénus de Milo ou do David do Miguel Ângelo, lembre-se que estas obras de arte (com A pequeno) também merecem os seus 15 minutos de Fama.

Um comentário: