sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mensagens de Cabo Verde by Contessa

Passeio por Santiago

O presente relato, e outros que eventualmente irei "alinhavar"
para este "Galo", animal de muita estimação para o seu dono,
e meu Amigo Prá Vida, vai ser, acima de tudo,
um relato dos sentidos e das emoções,
que muito pouco terá de página de Internet;
para isso, existe a propriamente dita, onde cada um poderá encontrar
tudo aquilo que quiser, a frio e sem dor...
Esta festa caboverdeana começou há uma semana,
com a visão nocturna da cidade da Praia e um ventinho forte, mas morno,
bem contrastante com aquele que tinha deixado em Lisboa.
A Praia é uma cidade ampla, com edifícios históricos,
de arquitectura colonial, concentrados no chamado "Plateau",
em frente à baía, e que cresceu de uma certa forma desorganizada.
Não se pode dizer que é uma cidade bonita mas, em compensação,
a sua gente, mesmo a mais humilde, comporta uma imponência
e uma dignidade de fazer inveja a muitos dos europeus que conheço,
encolhidos, tristes e de cabeça baixa...
São homens e mulheres muito bonitos, de pele brilhante e lisa
e as crianças - e há muitas- são estatuetas de porcelana,
de muitíssimo bom gosto.







No primeio passeio para fora da cidade, depois de um óptimo pequeno almoço no "Pão Quente" - comi um excelente Bolo Rei, acabadinho de fazer... - esperava-me a grande surpresa de uma paisagem cheia de montanhas e de picos elevadíssimos, autênticas agulhas implantadas no verde das últimas chuvas - é São Domingos, Rui Vaz e o Pico da Antónia, a quase 1400 metros de altitude, a Sintra cá do sítio...
E com a devida proporção, alturas houve em que quase me senti no "Grand Canyon"!
A viagem continuou, debaixo de um sol abrasador, pela cidade da Assomada - nome conhecido em tempos de trabalho de Cooperação - Serra da Malagueta, Chão Bom e Tarrafal.
E o campo de concentração doTarrafal despoletou em mim dois sentimentos muito contraditórios, de polos diametralmente opostos.
















Por um lado, o arrepio da visita ao campo para presos políticos, do antigo regime, construído em 1936 e que funcionou, salvo erro, até meados dos anos 50 - felizmente, nem sinais da "Frigideira", lugar de castigo máximo, do qual existe apenas uma pequena "maquette".
Para quem não saiba, a Frigideira era um pequeno edifício em cimento, de cinco a seis metros de comprimento por três de largura, com ventilação para o exterior apenas permitida através de cinco pequenos orifícios e uma fresta gradeada na porta de ferro, onde os presos eram mantidos à mercê das altas temperaturas da ilha - daí o nome que lhe foi factualmente atribuído...
Do outro lado, uma belíssima baía, uma praia de areias brancas, um mar morno e transparente, um banho celestial há muito desejado, um restaurante com morna, coladera e funaná, uma cachupa deliciosa, duas cervejas "estupidamente" geladas e dois cafés "di terra" para preparar o caminho de volta...
E por agora, que a noite já vai longa, apenas um "até breve" e os votos de que, "quêm me ler" esteja, pelo menos, tão bem como eu estou neste momento!

7 comentários:

  1. mas como é possível que alguém que está numa secretária em lisboa esteja tão bem como a contessa?

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  2. Vai ver que se assinar os comentários, começa logo a sentir-se melhor...

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  3. Os negros"...de pele brilhante e lisa" e as crianças"...estatuetas de porcelana".Só faltou ver se tinham bons dentes para serem vendidos como escravos.Enquanto isso o "neocolono"vai bebendo cerveja e comendo caxupa.
    Por quanto tempo mais manteremos o espírito colonialista que nos perseguiu durante tanto tempo?

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  4. A beleza das coisas está muitas vezes nos nossos olhos.Já viajei muitas vezes para Cabo Verde e não consigo encontrar qualquer beleza nesse destino. As pessoas é que realmente são muito diferentes e simpáticas.
    Por exemplo na Costa do Marfim encontram-se muitos mais motivos de interesse.

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  5. A minha experiência de Cabo Verde é muito curta mas, em verdade se diga, não foi muito positiva.Só conheço(?)São Vicente, apanhei imenso vento na praia,acrescido de uma areia cortante.Numa das duas noites que passei no Mindelo tive um desastre de automóvel( um carro conduzido por um motorista totalmente embriagado despistou-se e veio de encontro ao jeep parado,onde me encontrava)seguido de um assalto a uma das pessoas que se encontravam comigo.Enfim,foi uma viagem que não deixou saudades mas reconheço que não conheço praticamente nada do Arquipélago...
    Quanto à mencionada Costa do Marfim,estive uma semana em Abidjan e gostei imenso,comida, artesanato,roupas e costumes, de tudo...
    Será que isto também dá direito a ser chamado de colonialista por MTH "A Amarga"?

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  6. É evidente que os seus comentários não tem nada a ver com os da Senhora lá de cima.

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  7. E a Senhora lá de cima faz uma nova constatação.
    Infelizmente, existe por aí muita gente que não sabe ler e interpretar a sua própria Língua Materna, ou seja, não sabe Português.
    E só podem existir duas razões para que isso aconteça: ou não têm a escolaridade obrigatória, ou tiveram um enorme insucesso escolar que, diz e escreve quem sabe destas coisas, incide, justamente, na Matemática e... no Português.

    Conversa acabada!

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