segunda-feira, 11 de maio de 2009

Recordações de um amor ...eterno

A caixinha Luis XV

Podia ter-te guardado ali dentro, mas não seria verdade, tu existes ainda em mim, é dentro de mim que te guardo, e penso que guardarei até ao fim.
Ao meu fim, se é que existe um fim, porque se não existe ainda pode ser que nos voltemos a encontrar para lá deste aqui, então nesse além.
Mas a caixa ... que não tem nada... é como que o cofre onde guardo as recordações do nosso amor.
Aquele amor impossível, ainda que grande, tão grande que sobreviveu ao adeus, sobreviveu ao teu novo amor, aos meus novos amores, à tua partida.
Dentro da caixa, vazia, está tudo aquilo que nós fomos, que vivemos, que existiu, que agora existe em mim porque tu partiste.
Será que existe outro lado? Será que daí também a caixa tem para ti o mesmo significado que tem para mim?
Que recordações existem da nossa história, que são palpáveis e não estão na caixa?
Fotografias. Sim há fotografias, mas não estão na caixa, porque as fotografias não são recordações, são momentos parados dum tempo anterior, passado e as recordações são vivas, dinâmicas, interactivas.
Momentos presentes de um tempo passado mas que são agora, que se reconstroem, que crescem que se transformam, logo que mudam. Essas estão na caixa, que não preciso de abrir para as viver.
E ouço a tua voz, ouço o teu suspirar e quando a tua respiração se acelera, e sussurras um murmúrio de encantamento, e depois os teus olhos são maiores, mais escuros, mas com mais luz. E sorris e oiço o teu sorriso e o teu corpo nu corre pela sala e eu sigo-te...e o tempo foge.
O tempo…foi sempre pouco tempo, foi sempre um tempo que nunca era, um tempo que mal chegava já partia…e agora fica o tempo das recordações o tempo em que ainda hoje…já passaram quantos anos?
Tu continuas a sorrir murmurando doce, aquelas palavras de encantamento quando fazíamos amor…
Não, as fotografias mostram-te muito decentemente vestida numa cerimonia oficial, olhando para a câmara com um sorriso que é sempre um sorriso, o mesmo sorriso eternamente igual com o sol atrás.
Prefiro a caixa que não tendo nada tem-te a ti, no teu viver vivido de então.Vivido de agora.
Poderia continuar, mas prefiro ir abrir a caixa.
Contos do Feeling Estranho

7 comentários:

  1. Os amores eternos são sempre bonitos mesmo que só sejam eternos...enquanto durarem.

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  2. Confirmo.
    Há eternos!

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  3. Só são eternos (ou infinitos...) enquanto duram.
    Sáravá Vina e MTH!! :-)

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  4. Margarida Ferreira dos Santos11 de maio de 2009 às 09:01

    As melhores recordações, e também as piores, são as que não estão guardadas na caixa...

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  5. Margarida, tem completa razão.Quando as conseguimos guardar na caixa já passou o pior.
    Boa, Feeling, por acender a discussão...

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  6. Como eu o compreendo.
    Também eu tive um AMOR ETERNO e também ele desapareceu na única viagem que não tem regresso.
    Ou talvez por isso tenha sido ETERNO.
    Mas a sua transmissão de sentimentos é TERNA...

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  7. PG...
    Recordo-me de ter dito que o "Tristão e Isolda" era uma das suas óperas preferidas.
    Só assim os Amores São Eternos...

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