quarta-feira, 16 de setembro de 2009

...O meu marido quer-me matar!

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“…Sérgio Cassini, o meu marido. Um conhecido empresário brasileiro.”
Reconheço que foram estas as primeiras palavras que, conscientemente, ouvi.
As outras ficaram gravadas no subconsciente e foram lentamente aflorando, nas horas seguintes.
De facto, desde que aquela aparição irrompera no meu gabinete, eu entrara em estado de choque.
Só tive tempo de me levantar, apresentar-me “- Teo Santana, ao seu serviço” sem deixar de fitar aqueles olhos de um azul com reflexos esverdeados, o rego profundo do decote, as pernas esguias que se espraiavam para fora da racha da saia…
Gabriela, vim mais tarde a saber ser uma conhecida ex-modelo, falava e eu só tinha olhos para aquela boca de lábios grossos, bem delineados.
Percebi, depois, que aquela deusa do Olimpo se deslocara às minhas modestas instalações para contratar os meus serviços.
Contou-me que conhecera o seu marido, três anos atrás, numa qualquer passagem de modelos em Itália.
Pormenorizou a sua corte cerrada, as dezenas de ramos de rosas que a aguardavam à chegada ao hotel, a noite passada sem conseguir pregar olho, a pensar no belo sul americano.
O convite aceite para jantar no Gattopardo, perto do Duomo, onde não se falara da sua beleza mas Sérgio se rira dos seus ditos espirituosos, lhe perguntara pelo curso, pelos projectos futuros.
A mãe que, pela primeira vez, não acompanhara a filha, apercebeu-se do que se passava e acabaram a noite abraçadas, em grandes risos de felicidade.
Depois, desenrolou-se tudo num ápice.
Sérgio, hospedou-se num hotel em Cascais, após a volta das duas para Portugal, e Gabriela serviu-lhe de cicerone levando-o à Bica do Sapato e à Gulbenkian, ao Papa Açorda, ao São Carlos e a Sintra, num rodopio de sensações que culminaram com o pedido de casamento e a oferta dum solitário enorme, a selar o compromisso.
A seguir à cerimónia, que decorreu em Angra dos Reis, numa ilha particular, com convidados das mais variadas nacionalidades, foi a vez duma prolongada lua de mel, em que saltitaram entre Monte Carlo e Pucket, San Sebastian e Juan les Pins, Corfu e Miami.
Depois, foram-se dividindo entre as quatro ou cinco casas que Sérgio mantinha ao redor do Mundo, incluindo a mais recente aquisição, na Quinta da Marinha.
Entontecida pelas atenções constantes, Gabriela só muito tempo depois se começaria a aperceber de alguns pormenores estranhos.
Os telefonemas às horas mais díspares e sussurrados num linguajar codificado.
As personalidades sinistras que eram visita habitual de sua casa e entre os quais se destacavam o sócio do marido, Velic Ustinov um gigantesco sérvio de cabeça rapada e Miltinho do Pagode, sombra do casal, seguindo-os, sem emitir palavra, para todo o lado.
Todas estas informações iam chegando, lentamente, ao meu entorpecido cérebro quando a última frase me acordou, de vez.
“ – Teo, tenho a certeza que o meu marido me quer matar !!!”

3 comentários:

  1. Isto está a aquecer. Vai meter sangue?

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  2. A ela e ao Teo. Ele que se cuide, que a Carolina Salgado e o Pinto da Costa comparados com um caso contra esses rapazes, é uma história para criancinhas...

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  3. E depois o Joaquim de Almeida faz de Teo, a Alexandra Lencastre de Gabriela e já temos mais uma novela para a TVI.Sem ofensa...

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