terça-feira, 15 de setembro de 2009

O meu nome é Gabriela

Sempre fora a mais atraente, por todos os lugares onde passara.
Já em criança as pessoas paravam a mãe na rua para dizerem que nunca tinham visto um bebé tão bonito, e ficavam, hipnotizadas, a dizer baboseiras que ela, ainda, não percebia mas que, com o decorrer dos anos aprendeu a odiar.
Na escola, as professoras sentavam-na na primeira fila, faziam-na recitar poesias nas festas do colégio e entregar ramos de flores às visitas mais mediáticas.
As colegas invejavam-na e os rapazes morriam de vergonha de se aproximarem.
Apesar de ser uma das mais inteligentes da turma, só era referida pela beleza que, em cada dia, se desenvolvia, passando pelo ondulado natural dos cabelos, o tom acetinado da pele, o comprimento das pestanas, a perfeição dos lábios, a graciosidade do andar…
Mais tarde, nos bailes ninguém a vinha buscar para dançar, enquanto que até as mais feiosas de óculos e aparelhos nos dentes, rodopiavam toda a noite.
A sua vida sofreu uma viragem de 180º quando aos dezasseis anos foi descoberta por um olheiro da Star Models que lhe organizou um book e agendou vários castings, em que foi sempre seleccionada.
A mãe, vaidosa com a beleza da filha, deu-lhe todo o apoio e acompanhou-a nas primeira viagens internacionais, para desfiles de moda no Dubai ou em São Paulo, em Paris, Londres e Nova Iorque.
Contudo, Gabriela nunca abandonou os estudos, como muitas das outras raparigas fizeram, tendo até concluído, com as notas mais altas, o Curso de Comunicação.
O facto de viajar com a mãe e preterir as festas mundanas à companhia dos livros de estudo, ajudou-lhe a criar uma certa imagem de puritanismo e de old fashioned girl, que continuou a afastar os eventuais pretendentes mais interessados em relações sem compromisso nem esforço demasiado.
E foi assim que já ultrapassada a barreira dos vinte anos, conhecedora de dezenas de capitais mundiais e de outros tantos hotéis de cinco estrelas, capa de Vogue e da Cosmopolitan, rosto de campanhas mundiais para a Martini e para os relógios Baume et Mercier, Gabriela Torres não conhecera, ainda, um beijo apaixonado, uma noite de amor, um abandono de mulher adulta.
Mas em Milão, num desfile para a casa Valentino, tudo mudara.
Gabriela habituara-se a não olhar a assistência, enquanto percorria a passerelle no seu catwalk.
Contudo, quando, envergando um longo vestido roxo de noite, que lhe deixava as costas e grande parte do busto à mostra, se preparava para rodopiar, iniciando o trajecto de regresso, os seus olhos ficaram presos no olhar incendiário, febril e ardente dum homem muito moreno, sentado na primeira fila.
Gabriela, habitualmente fria e senhora de um total domínio, sentiu-se vacilar.
Sem saber como, chegou aos camarins, onde, enquanto mudava de roupa, se informou sobre a figura.
“- Sérgio Cassini, playboy e milionário brasileiro” - foi o que lhe disseram.

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4 comentários:

  1. Estou a gostar, mas não se poderiam publicar mais capítulos por dia para não ficarmos neste suspense?

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  2. Devagar é melhor, Adriano.Ainda não aprendeu?

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  3. Mais um livro na forja?

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