segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Os Galos do Diabo

22

O sérvio seguiu a direcção do olhar do detective.
Instintivamente, levou a mão direita ao pulso onde a tatuagem se mostrava em todo o seu fulgor, realçada pela iluminação especial da discoteca.
A meio do movimento, parou e, atirando a cabeça para trás, soltou uma gargalhada sonora.
“- Ah, ah ! Então, descobriu o meu pequeno segredo ? “.
Os outros elementos do grupo, entreolharam-se sem perceber bem o que se estava a passar.
Velic continuou”-Mas antes que comece a fazer enredos complicados e a associar o tattoo aos, chamados, Crimes do Galo, será melhor que eu lhe conte uma história interessante, em poucas palavras.”
E, virando-se para Deolinda, perguntou, mostrando os dentes afiados “ – A não ser que aqui a moça tenha o estômago delicado…”.
Perante o silêncio geral, prosseguiu.
“-Estávamos em pleno pico da guerra e o meu comando, eu e mais cinco homens, esgotáramos há muito todos os víveres, dividindo, entre nós, os poucos frutos que íamos encontrando pela pequenas quintas destruídas, por onde passávamos, bebendo água em nascentes e mascando o tabaco que ainda restava”.
Fez um silêncio teatral e engolindo, dum trago, a vodka que lhe enchia o copo, continuou.
“- Até que numa madrugada, ao rodearmos uma colina escondida, deparámo-nos com uma quintarola, por onde ainda não parecia ter passado a onda de destruição e morte que, há muito, se espalhara por todo o país.
Da chaminé da casa saía uma ligeira nuvem de fumo mas não se via viva alma.
O que nos chamou mais a atenção foi a barulheira que vinha do galinheiro onde patos, galinhas e perus se amontoavam.
Quando nos aproximámos, vimos que escondidas entre os animais, se encontravam três mulheres. A mãe, um trintona apetitosa e duas adolescentes, já no ponto.
Para evitar pormenores escabrosos, adianto que nesse dia, e nos que se seguiram, eu e os meus homens, tirámos a barriga de misérias”.
E numa casquinada, arrepiante “…em vários sentidos”.
“- Já agora, para concluir, posso dizer-vos que ambas, as mulheres e as galinhas, terminaram da mesma forma…de pescoço cortado!”
O silêncio instalou-se pesado, por breves segundos.
Teo tentou aliviar a tensão, criada pela tétrica história.
“- E o que é que isso tem a ver com a tatuagem do galo?”
“- Ah, é verdade. Sempre que eu e o meu grupo recordávamos, com prazer acrescente-se, este pequeno episódio, chamávamos-lhe a Ceia da Capoeira e, quando regressámos a Saravejo, fizemos esta pequena tatuagem dum galo, para nunca mais esquecermos a situação em que a “providência divina” nos deu a mão.
A história foi-se espalhando, embora como esta houvessem muitas outras, e passámos a ser conhecidos como os Galos do Diabo…
Satisfeito, na sua curiosidade?”

6 comentários:

  1. Cada vez mais Hot, e Cool ao mesmo tempo...

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  2. Credo!
    Isto está assustador!
    Não sei se conseguirei suportar estas descrições sádicas por muitas mais linhas...

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  3. Isto está a ficar para "homens de barba dura" ou "mulheres sem depilação"!!!

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  4. E se querem mesmo saber, mais feio que Sarajevo só para aí... Zagreb ??

    Satisfeito na minha curiosidade, (qual seria ela ?) J.

    :-)

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  5. A coisa aqui tá ficando preta...

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