Nenhum dos quatro partidos da oposição aceitou fazer um acordo permanente com Sócrates (de governo ou, como se diz, de "incidência parlamentar).
De resto, Sócrates também não queria qualquer espécie de acordo com os partidos da oposição.
A convivência compromete e repugna aos dois lados, sobretudo é provável que esta Assembleia dure pouco e que torne a haver eleições pouco tempo depois das presidenciais.
Ficou só a possibilidade de Sócrates se entender caso a caso com a direita ou com a esquerda para evitar uma paralisação absoluta e comprometedora.
Uma ginástica difícil, em que ele se arrisca a hostilizar toda a gente e a voltar ao "pântano" de Guterres; e a oposição se arrisca a passar por sectária e oportunista e, pior do que isso, por irresponsável.
Esta é de resto a ideia de Sócrates, que, ao que parece, deixou de ser o "anti-Guterres", que o dr. Soares tanto admirava, para se transformar na epítome da mansidão e do diálogo, que o dr. Soares – não se percebe porquê – ainda admira mais.
Por detrás disto, está uma ideia simples.
O primeiro-ministro, insistindo, evidentemente, na sua legitimidade e no mandato que recebeu, vai tentar que o vejam como a vítima indefesa da intransigência alheia.
Ele será o estadista, consumido pelas dores da Pátria; a oposição um grupo, assaz desagradável, de pequenas facções, que só pensam e só agem no seu próprio interesse, à custa do futuro e da prosperidade do país.
E se, apesar da sua história reversa, Sócrates for convincente e hábil, não haverá em 2011 por onde escolher.
O CDS, o PC e o Bloco aceitaram cegamente o terreno para onde o primeiro-ministro os começa a levar (o PSD, sem cabeça e sem destino, por enquanto não existe).
O CDS exigiu que se cumprisse, quase ponto a ponto, o seu programa.
O PC já propôs que se alterasse a essência do Código Laboral.
E o Bloco pede a imediata legalização do casamento de homossexuais, um acto que mesmo Vale de Almeida achou pura "chicana".
Claro que estas coisas contribuem para embaraçar e para isolar Sócrates.
Mas dividem irremediavelmente a oposição e oferecem sem contrapartida ao primeiro-ministro o papel de árbitro e moderador.
Se a campanha de 2009 continuar na Assembleia de República, Sócrates tem uma vaga probabilidade de sobreviver e até de a ganhar.
Quem te avisa...
Vasco Pulido Valente
Enviado por Alv ega
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O "meu" Pulido Valente é o Rui, que foi meu colega no IST, e que encontrei muitos anos depois na defunta Robinson, uma ex-corticeira em Portalegre.
ResponderExcluirNem sei onde ele pára, a última vez que o vi foi no Porto, na FNAC de Sta. Catarina, e ele ia para casa de um primo ou tio, (José ??) que é/era arquitecto e meu vizinho por lá.
O VPV... pois, o o nome dele é realmente Corrêa Guedes, a outra parte vem-lhe da mãe.