A António Vitorino saiu-lhe um dia a sorte grande quando o jornalista José António Cerejo, do jornal Público, em 1997, telefonou para o gabinete do então vice-primeiro-ministro a fazer perguntas sobre um pagamento de um imposto relativo à compra de uma casa em ruínas. Antes de o jornal do dia seguinte sair, Vitorino já pedira a demissão.
Esse foi o dia do tilt no flipper cerebral de António Vitorino. Foi o dia em que o homem, que 19 anos antes era apenas um deputado eleito pela Frente Republicana e Socialista, resolveu procurar mais verdejantes pastos. Em 1999, dois anos depois, era comissário europeu.
Ninguém sabe muito bem o que Vitorino andou a fazer pela Comissão Europeia - só porque ninguém sabe muito bem o que faz, de facto, a Comissão Europeia - mas como os portugueses adoram os compatriotas que brilham lá fora - na mesma proporção que odeiam os que têm êxito cá dentro - Vitorino passou ao estatuto de D. Sebastião, que se espera eternamente ver regressado ao poder... não se sabe é bem porquê.
Os portugueses voltaram a vê-lo na noite da vitória, com maioria absoluta, de José Sócrates. Na sede da candidatura do seu camarada, disparou um ríspido "habituem- -se" para justificar aos jornalistas uma ausência de declarações. E passaram a tê-lo como visita de casa quando, para servir de contraponto a Marcelo Rebelo de Sousa, falava semanalmente para lares sintonizados na RTP1.
Pois o sócio da firma Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, o administrador não executivo do Portugal Telecom Internacional, o consultor jurídico da EDP, o consultor de Assuntos Sociais da José de Mello SGPS, o vice-presidente do Conselho de Planeamento da Universidade Internacional, o presidente do Centro de Estudos Euralgense, o administrador não executivo da Siemens Portugal, o presidente das assembleias gerais da Brisa, da Finipro e da Novabase, e o, ainda, presidente do Conselho de Administração da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (ufa!) - para além de ilustre cronista neste jornal e outras coisas que não vêm nos currículos oficiosos da Internet - resolveu, novamente, bater com a porta e sair da ribalta.
Uns dias depois do anúncio do fim do Notas Soltas, outra jornalista, desta vez Manuela Moura Guedes, voltou a meter-se com o homem. No Parlamento acusou o superconsultor e superadvogado de ser o responsável pelo fim do seu telejornal na TVI… Será que, tal como há 13 anos, voltou a dar um tilt a António Vitorino?
Pedro Tadeu in Diário de Notícias
terça-feira, 9 de março de 2010
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Se calhar é por causa desses afazeres todos que nunca mais o encontrei no café do Chico e da Dina...
ResponderExcluir(sim, o homem também tem casa por aqui, e engraçado, a mulher dele é igualmente baixota, o que óbviamente não significa nada)
Mas devo confessar que não conheço o senhor.
:-)
E eu devo confessar que aqui se demonstra que ainda há milagres !
ResponderExcluirO deste senhor e de muitos outros que chegaram à politica de mansinho e em poucos anos estão lá em cima , alcandorados em belos tachos e com razoáveis pés de meia !!
Não escrevo por inveja mas apenas e sómente por desconfiança de tanta e tão rápida fartura.
Alguns que o mesmo merecem por valor própio, vivem remediados e desgastados por muito esforço, muita dedicação e estudo continuo.
Não parece ser o caso.
Naturalmente já não irá ao café do Chico e da Dina para não se misturar :))
Mas continuo a encontrar lá o meu ex-prof. de 'Processos Gerais de Construção', que também tem casa por aqui, (cadeira do 4º ou 5º ano do IST, lembro-me lá...) que parece que agora está numa 'coisa estranha' chamada Conselho Superior de Obras Públicas.
ResponderExcluirQuando era meu prof. ele estava no L.N.E.C. (Laboratório Nacional de Engenharia e etc.) de investigador...
:-)