sexta-feira, 5 de março de 2010

Os Diamantes são Eternos - Postais de Luanda

Caros Amigos Leitores de "Postais de Luanda",
Sábado passado fui visitar, nada mais nada menos, a 4ª maior mina de diamantes do mundo!
A empresa que dirige a operação chama-se Sociedade Mineira de Catoca e é uma joint-venture entre a Endiama (a empresa estatal angolana), a Alrosa (russa), o grupo Diamond Finance CY BV e a brasileira Odebrecht.
Catoca significa "perdido" na língua kikongo falada na região, na província da Lunda-Sul, a cerca de uma hora e quarenta de avião desde Luanda e junto à fronteira com a República Democrática do Congo.
Estava integrado num grupo de 25 expatriados (o termo que aqui se usa para designar os estrangeiros), com nacionalidades tão diversas quanto, uma australiana, uma suissa, um escocês, um holandês, um sueco, um japonês, diversos russos, um americano, dois ou três portugueses, etc. Imaginem as profissões desta malta, desde este vosso distinto country manager a diplomatas, banqueiros e outros que tais.
Esta gente, eu incluído, costuma encontrar-se com alguma regularidade (normalmente às quintas-feiras ao fim do dia) num espaço chamado Clube Viking (viking porque é no edifício da antiga cooperação sueca) e gerido pelo Angola Field Group (http://angolafieldgroup.com/) uma espécie de carolice de um casal austríaco que também organiza passeios (field trips) temáticos.
Se tiverem interesse dêem uma vista de olhos no site porque tem descrições de alguns desses passeios.
Voltando à mina dos diamantes, e não me alongando em descrições (que têm no site do AFG), partilho apenas alguns aspectos.
Esta mina está a cerca de 20 minutos de Saurimo (antiga cidade de Henrique de Carvalho), a capital da Lunda-Sul, onde praticamente tudo gira à volta dos diamantes. Fomos recebidos pelo vice-governador (a governadora estava em viagem de serviço!) que nos deu uma lição de geografia da província e nos explicou o esforço que estão a desenvolver para diversificar a economia da região, diminuindo a dependência dos diamantes, e aproveitando o potencial agro-pecuária que a região de água abundante proporciona.
Interessante é a componente social da Catoca que, para além de ter construído escolas e outros equipamentos sociais, também fornece diariamente uma refeição às crianças das escolas da região. Isto porque tem auto-suficiência alimentar para os cerca de 2.000 trabalhadores, através de um grande investimento em agro-pecuária. De facto experimentámos, iogurte, queijo, legumes, peixe, etc. tudo de produção própria, num fantástico almoço-buffet com que nos presentearam no final da visita à mina.
Claro que vimos todo o processo produtivo, desde à extracção do material em bruto (para UM carat de diamante é preciso escavar UMA tonelada de material), à selecção robotizada das pedras limpas (e depois de nos terem feito quase um strip-tease para entrarmos na sala de tratamento.
Faltou dizer-vos que esta é uma das poucas minas que faz a extracção de diamantes em processo mineiro convencional, por escavação, dado tratar-se de um filão kimberlítico, ao contrário da normal exploração aluvionar (como se vê nos filmes). Vendo a imagem acima, o "buraco" que está a ser escavado tem cerca de 1 km por 800 metros, com uma profundidade de 150 metros, mas que irá até aos 600, antes de começarem a escavar em túneis.
São tudo números impressionantes.
O resultado são cerca de 100 quilos de diamantes por mês, dos quais cerca de 40% são para jóias e os restantes industriais.
E não é tudo, mas também não quero ser maçador.
Digo-vos que fiquei impressionadíssimo com o que vi e alguns apartes registei nas fotografias que anexo.
Até breve,
Pirulito142 (Our Man in Angola)

2 comentários:

  1. Venham mais Pirulito!
    Angola merece a divulgação das coisas boas que há por lá.

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  2. Diamonds are a girl best friends!

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