Deixem-me cá ver se percebi bem: em fins de 2009 registámos um défice público com 10 480 milhões de euros em excesso, que, de acordo com as nossas obrigações, contraídas enquanto país membro do euro, deverão ser anulados até 2013.
Isso só se consegue em qualquer ponto deste planeta cortando despesa e/ou aumentando receita (acaba sempre por ser uma mistura de ambas).
O PEC propõe-se fazê-lo com 5135 milhões de cortes, espalhados por quase todas as rubricas da despesa, corrente e de capital; e com recuperação de receita de 3773 milhões, graças ao crescimento da economia e de mais 1572 milhões por decisão política (redução das deduções em sede de IRS, novo escalão de 45%, nível mínimo do IRC efectivo na banca, etc.).
Não presta!, dizem uns e outros, à esquerda e à direita.
À esquerda, é um verdadeiro anátema qualquer corte nas prestações sociais, nas despesas de pessoal e nas despesas de investimento (dos juros não falam, porque sempre reconhecem que nesses é cumprir e calar...).
Ou seja: 66 605 milhões de despesa, num total de 80 875 milhões (82%!), deviam ser intocáveis - em nome da justiça social e do crescimento económico.
Mas cortar mais de 10 mil milhões na despesa restante de 14,3 mil milhões não parece lá muito realista.
Mas também que não seja por isso: o essencial seria agravar a factura fiscal dos ricos.
O efeito de uma solução deste tipo no investimento não parece preocupar quem assim fala.
À direita: a taxa agravada de 45% de 30 000 contribuintes (num total de 4,6 milhões), com rendimento anual declarado de superior a 150 mil euros, motiva as críticas mais patuscas. Acham que, num país com o vencimento médio mensal à volta de 900 euros, quem ganha 12 vezes mais (10 700 euros) pertence à "classe média", a eterna sacrificada...
E tremem perante o efeito devastador no investimento do anunciado corte adicional de 700 euros no rendimento anual disponível destas almas.
E eu, tão iludido que andava, julgando que eram os detentores de rendimentos da propriedade (capital), tributados em sede de IRC, os investidores privados da nossa economia!
Moral da história: sacrifícios, sim... que remédio.
Mas para mim, não! Nem para os meus!
António Perez Metelo in Menos é Mais( Diário de Notícias)
sexta-feira, 12 de março de 2010
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Não colocando em causa de forma alguma o comprovado saber de Perez Metelo, confesso que ando um pouco desconfiado com o propósito de algumas das suas declarações, escritas e faladas.
ResponderExcluirMuitas vezes mais parece que disfarçadamente e talvez contrariado....apoia algumas das chocantes e pouco respaldadas medidas económicas e financeiras do governo.
No texto presente ,ao atacar os que se revoltam contra certas medidas do pec que já mereceu análises bastante criticas de quem é indiscutivel no saber, afigura se me que APM deve pensar que somos todos uns safadinhos por não aceitarmos de joelhos em terra, aquilo que brada aos céus !
Ou seja, a despesa do Estado que deveria levar uma valente machadada e nós sabemos onde e como se gasta o que não aparece publicamente...continua ainda inchada até vir de lá o FMI colocar em ordem o que os "meninos de coro" do governo não querem fazer.
Em suma, sacrificios claro que necessários mas primeiro para os responsáveis pela crise e pelo desgoverno dos ultimos anos!
Para mim não que não tive culpa da porcaria que colocaram no ventilador !!!!
Não é no ventilador q se coloca isso, ZM!
ResponderExcluirEstou farta de dizer que é na ventoínha!!!
Lá me enganei...influencia dos tempos de Brasil !!
ResponderExcluirObrigado Miss Sixty.
Em francês ventoinha também é ventilateur...
ResponderExcluir:-)