quarta-feira, 3 de março de 2010

XL - Noite tórrida no frio nortenho

O quarto encontrava-se numa escuridão quase total.
As janelas cobertas por pesados reposteiros deixavam passar uma ténue claridade que mal permitia entrever a silhueta daquela, pois era uma ‘ela’, que se aproximava da minha cama, evitando fazer qualquer tipo de ruído.
Contudo, deu para perceber a agilidade felina e a sinuosidade do corpo, que em breves segundos, se metia debaixo dos lençóis e se aconchegava de encontro ao meu…

O que teria provocado aquela alteração repentina no comportamento da minha companheira de viagem e pesquisa?
Como passara, tão subitamente, de uma simpatia, por vezes provocante, mas distante e profissional, para aquela intimidade que, tudo o levava a crer, iniciava agora uma fase, digamos, mais íntima?

Sentia-a deslizar pelo meu corpo abaixo…
Reconheci a assertividade, o ir directo ao objectivo, sem grandes perdas de tempo nos preliminares…
Só que eu já ando há muito tempo nestas lides.
Aprendi que o nosso prazer tem que passar pelo prazer da nossa parceira.
Que é no ‘dar’ que nós realmente ‘recebemos’
Que os ‘entrementes’ superam muitas vezes os ‘finalmentes’.

Puxei-a, e beijei-lhe os lábios cheios.
Primeiro lentamente, depois com pequenas dentadas que, progressivamente, foram aumentando de intensidade.
Senti os bicos dos seios entumecerem sob a palma das minhas mãos.
Foi a vez da minha boca os procurar.
Lentamente, com a língua, desenhei filigranas naqueles dois pomos, firmes e
redondos.
Senti a minha parceira de alcova arquear o corpo, num gemido, prontamente sufocado.

Transmitir prazer a uma mulher, sentir a urbanidade, educação, moral, a esvaírem-se e o vir ao de cima do desejo mais profundo, atávico e animal, é um momento único que ultrapassa qualquer acto de criação, ou de realização pessoal.
Nesse momentos de solidão partilhada, em que o mundo lá fora deixa de existir, voltamos à era das cavernas, à luta pela sobrevivência, a uma época em que os instintos comandavam os nossos actos, sem os entraves de falsos puritanismos ou condicionamentos sociais.

Mas, em simultâneo, o requinte de séculos, a evolução natural, oferecem-nos um grau de perversão que permite elevar estes momentos a níveis que ultrapassam, em muito, o mero acoplamento de macho e fêmea.
Muitas vezes nessas situações mais íntimas, deparo-me com uma duplicidade de papéis.
Por um lado, sou o participante activo, empenhado e desejoso de alcançar e transmitir prazer.
Por outro, o observador atento, o voyeur interessado, que observa de fora aquela dança erótica que acontece logo ali…

Nos romances e filmes, as noites amorosas prolongam-se até de madrugada, em clímaxes intermináveis e repetidos.
Não é o que acontece comigo, no geral das minhas experiências neste campo.
Dou preferência à qualidade, em detrimento da eventual quantidade.
E, foi o que aconteceu, também desta vez.

Depois de ter percorrido cada centímetro do corpo da minha, cada vez mais, sensual cúmplice de jogos amorosos, e de a ter levado a um orgasmo violento que culminou num gemido profundo, penetrei-a sem pressas.
Lentamente, muito lentamente, fiz renascer o desejo, momentaneamente adormecido.
Desta vez, tudo se passou num ritmo e formas diferentes.
Em vez da onda violenta a rebentar com fragor, imagem do que se acabara de passar, sucederam-se vagas mais suaves numa sequência que parecia não terminar.
Quando percebi que a minha parceira me cravava com força as unhas de forma a querer-me ainda mais dentro de si, acompanhei-a numa explosão em simultâneo, que nos deixou ofegantes e muito perto da satisfação mais plena e total.
Aos poucos, comecei a sentir a respiração normalizar-se…
Procurei com mão a minha companheira de viagem, na viagem dos sentidos…
Senti que esta se levantava, sem uma palavra e, de novo, sem ruído…
Desta vez, nem sequer ouvi qualquer som vindo da porta.

Recostei-me na almofada.
A cama estava impregnada dos cheiros do amor, envolvidos por um leve aroma a body lotion de pêssego…

3 comentários:

  1. Oh so very sexy !


    Comentário lateral:

    assertividade, é um palavrão oriundo da psicologia comportaental (creio que inventado por uns franceses cujo nome agora não me lembro...) e que significa apenas 'afirmação tranquila das suas próprias posições/opiniões', por oposição a comportamentos/atitudes agressivas, passivas ou manipuladoras.

    E não, não tive que 'googlar isto, no século passado dei cursos sobre o assunto...

    :-)

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  2. Confesso que não estava à espera deste, digamos, desenvolvimento.Ou seja,esperava o episódio mas não uma narrativa tão pormenorizada.Mais um ingrediente incontornável numa boa história.

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  3. Finalmente, a cena tórrida anunciada...
    Se fosse um filme, a Comissão de Classificação permitilo-ía, apenas, para maiores de 17...
    Uma cena, no mínimo, muito sensual!

    Mas será que era, mesmo, a Foxy Lady?!

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