sábado, 17 de abril de 2010

Da Teoria da Garrafa Meio Cheia e da Garrafa Meio Vazia

Esta é uma frase antiga.
Utilizada em muitas circunstâncias.
Pretende que, quando uma garrafa tem metade do seu volume preenchido ( já agora por um bom vinho tinto alentejano encorpado e com laivos de madeira) para umas pessoas encontra-se meio vazia e para outras, entre as quais me incluo, está ainda meio cheia.

Penso que é esta maneira de encarar a vida que faz a verdadeira cisão entre duas grandes fatias da Humanidade.
Muito mais do que as raças, religiões, culturas, situação económica ou profissional é a forma optimista versus a pessimista que faz com que, para uns, o dia esteja chuvoso mas com boas abertas e uns magníficos raios de sol e para os outros, apesar do sol " vem aí uma chuvada que vai alagar isto tudo..."

Tenho uma amiga optimista por natureza. Sózinha criou uns filhos magníficos, ultrapassou problemas profissionais, venceu uma doença complicada, tomou opções difíceis, sempre com um sorriso nos lábios, um brilho no olhar, uma vontade de viver contagiante.
É um prazer falar com ela, ver o entusiasmo que coloca nos seu projectos e a generosidade com que escuta os dos outros.

Em contrapartida, a maioria dos portugueses adora a prática da autocompaixão, o discurso miserabilista, o ter pena de si próprio, o não arriscar, o enterrar a cabeça na areia.
" Para que hei-de eu perder tempo com isso se já sei que não vai resultar..."

Nos dias que correm, muitos de nós acham que este é um país sem futuro.
Muitos, no seu íntimo, torcem para que a crise se instale, ainda mais definitiva.
O sonho de alguns seria que a nossa situação ultrapassasse rapidamente a da Grécia e que a bancarrota fosse uma realidade.
" Eles são corruptos. Eles não fazem nada. Eles são incompetentes..."
Só que 'Eles' somos, em última análise 'Nós'...
E, assim, com a nossa consciência apaziguada, já podemos voltar de novo à nossa vidinha, à falta de competitividade, ao alinhar com a mediocridade, com a corrupção " pois se todos fazem", a um baixo grau de exigência.
Tudo pautado pelos " Vai-se indo...", " Mais ou menos...", "Já estive melhor...", " Isto está uma desgraça...".

É altura de passarmos a olhar para as 'garrafas' de outra maneira.
Percebermos que uma garrafa meio cheia é um mundo de oportunidades.
Que ainda nos esperam imensos momentos de prazer, de convívio, de desfrute...
Enquanto que uma garrafa meio vazia caminha a passos largos ( melhor dizendo, a golos largos) para um fim sem glória.

Sejamos optimistas, mas com realismo q.b.
Sejamos activos, criando novos projectos, pensados, produzidos, acarinhados e desenvolvidos por nós próprios.
Só assim a garrafa, ou o país, ou a nossa vida, passará de meio vazia a meio cheia.
Três quartos cheia.
Totalmente.
Cheia.

7 comentários:

  1. Notável !!

    :-)

    Proposta de banda sonora p'ra esse teu post: As 'mudanças' começam sempre por dentro , ou então são fantasia, acho eu, copos vazios ou meio-cheios notwithstanding/não obstante.

    :-))



    A letra disso acima é dum tal de Paul David Hewson.

    É um rapaz de Dublin mais conhecido por outro nome, e que até tem uma condecoração da República Portuguesa que nenhum de vocês tem , e eu também não, e para a qual se deve estar brilhantemente a marimbar.

    A propósito da referida letra que foi escrita a pensar noutro acontecimento mais grave, ele comentou o seguinte:

    "...(...)...eu não queria escrever uma canção idiota e sentimental de merda, e portanto escrevi uma tão forte e ousada quanto pude, assim como para dar uma porrada nas trombas.
    Lamento muito, mas foi assim que isso me veio...(...)..."


    ("Rolling Stone", 3 de novembro de 2005)

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  2. ...e eu prefiro a meio cheia, alentejana - tudo bem - mas de vinho branco e seco, muito gelado!

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  3. Olha. olha. a Contessa apareceu !!Que bom !E logo com a medida meio cheia, assim é que todos devemos reagir mas com os pés bem assentes no chão.

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  4. Quem gosta de vinho cá do Alentejo é boa pessoa concerteza.

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  5. Eu, não tenho dúvida nenhuma, vejo sempre a parte meio cheia, mas te tanta gente à minha volta a só ver que está meio vazia, às vezes é dificil ver o lado positivo. Não há dúvida que o fado é Português, somos um povo fatalista, que só vê o lado negro do arco-iris e para nós que somos positivos é dificil a sobrevivência.

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  6. Muito bem João, é isso mesmo, ser optimista em vez de derrotista, lutar em vez de ficar Depremido, Para a frente é que se faz o caminho, mesmo tendo que remar contra o negativismo!!!

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  7. ...espera lá...
    Se todos aqui olhamos para o meio-cheio... cadê os outros?! Eles andem aí, certamente.
    Ou será que somos também nós que, vai na volta, de quando em vez, uma vez por outra, assim como quem não quer a coisa... TAMBÉM VEMOS O COPITO MEIO-VAZIO?

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