terça-feira, 6 de abril de 2010

Indiferentes a José Sócrates - Pedro Tadeu

Faz-me impressão as casas com assinatura do engenheiro-técnico José Sócrates serem, pelo que vi ontem no Público, sistematicamente medonhas. Como pode o autor desta sustentada poluição visual ter chegado a ministro do Ambiente?

Faz-me impressão o generoso José Sócrates - à época presidente da concelhia do PS na Covilhã, líder da federação do partido em Castelo Branco e deputado eleito pelo distrito - alegar em sua defesa ter elaborado estas 21 pérolas da engenharia civil beirã a pedido de amigos, sem receber um tostão… Como se assinar projectos "por cunha" e, pelo que parece ser sugerido, "de cruz", fosse actividade isenta de crítica e totalmente insuspeita!

Faz-me impressão o primeiro- -ministro José Sócrates insistir em atirar-se ao jornalismo: as notícias sobre a tentativa de controlo da comunicação social são "mau jornalismo". As notícias sobre o que fez ou não fez no Freeport são "mau jornalismo". As notícias sobre a licenciatura na Universidade Independente são "mau jornalismo". As notícias sobre a compra da casa onde vive são "mau jornalismo". As notícias sobre as obras como engenheiro-técnico são "mau jornalismo".
O que será, afinal, "bom jornalismo" para Sócrates? As notícias sobre fraudes na compra de submarinos, no tempo do Governo Durão e Portas?

Faz-me impressão ter a Câmara da Guarda negado aos jornalistas o acesso aos seus arquivos. E faz-me ainda mais impressão os tribunais demorarem três anos a decidir o indiscutível direito da comunicação social a ter acesso a documentos oficiais de uma simples autarquia, produzidos na longínqua década de 80.

Mas, contraditoriamente, faz-me impressão ser possível ter mais do que uma interpretação jurídica sobre uma legislação aparentemente simples, de 1985, que define os limites do regime de exclusividade do deputado. Então não é claro, lendo a dita lei, ao contrário do que escreve o Público, que o deputado abrangido por essa exclusividade pode fazer, na sua "vida civil", o que lhe apetecer, desde que não cobre dinheiro? Para aquele jornal e, imagino, para os juristas politizados que nas próximas semanas ouviremos dissertar sobre o tema, pode ser que sim e pode ser que não… Como sempre, não há leis claras em Portugal!

Tudo isto me faz impressão, mas, pelos vistos, não impressiona os leitores. A maioria segue a sua vida, às vezes protestando, é certo, mas sem mudar o sentido de voto, como se vê pelas eleições ou pelas sondagens… Compram é menos jornais

Pedro Tadeu in Diário de Notícias

2 comentários:

  1. Esse texto é definitivamente (também) para mim.

    Cada vex compro menos jornais 'tuga' (o Times chega aqui à Praia no próprio dia à hora do almoço, 3.25 €, compro 2 ou 3 por semana...) e realmente estou-me nas tintas para o que esse outro gajú fax ou deixa de faxer...

    :-(

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  2. Na verdade não dá paracompreender como os portugueses andam "parvos", continuando a proteger um homem que tem tantos telhados de vidro!
    Estou tão enojado com estes casos aqui mais uma vez referidos que nem forças tenho para prosseguir na minha sanha amplamente conhecida !!!!!

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