sábado, 2 de maio de 2009

A Caçada

Homem feito, o Joaquim ou Jaquim como gostava que o chamassem, tinha um papel importante na grande herdade onde trabalhava de sol a sol e onde , estimado pelo patrão, possuía uma casa que albergava condignamente a Família e ao lado uma horta que junto a meia dúzia de galinhas e dois porcos, garantiam o sustento mesmo nos dias mais difíceis.
O seu entretimento era a caça, à qual se dedicava com entusiasmo ou sozinho calcorreando os campos ou então acompanhando o patrão que conhecia desde a hora do nascimento.
Por ele tinha respeito e amizade e só assim se justificavam os laços da possível intimidade reflectidas em muitas noites passadas ao lado de uma fogueira quando o frio apertava e que acendiam no pátio da casa grande como chamava à do patrão, engenheiro agrónomo que às terras dedicava todo o saber e o muito que aprendera na Universidade em Lisboa.
Tinha o Joaquim uma velha espingarda de dois canos, calibre 12, já com muitos anos mas que ele cuidava com quase carinho.
O pior era a despesa com cartuchos mas esse problema ele resolvera, reutilizando os que disparava e enchia em casa com pólvora preta e chumbo apropriado.
De vez em quando as caçadas eram combinadas para outras terras, o que obrigava a deslocações de fins de semana ou então no período de férias.
Certa vez foram os dois para perto de Vila Viçosa, juntando-se a mais quatro amigos de longa data, cada um levando um farnel para que todos juntos aguentassem pelo menos três refeições.
A dormida estava prevista para um velho casebre, onde as comodidades se resumiam a uns catres sem colchão espalhados numa sala, a uma cozinha equipada com velho fogão a lenha e um lavatório, que tinha de ser abastecido com água que iam buscar a um poço próximo.
Mas para eles caçar naqueles terrenos valia bem o sacrifício das comodidades habituais.
O Joaquim , esse, menor diferença sentia.
Chegado o fim do dia com o anoitecer, recolheram para baixo de telha onde comeram o sempre habitual pão com chouriço e o garrafão de vinho tinto, para ajudar a passar o tempo.
O cansaço não tardou a forçar todos para a posição horizontal mas o inesperado aconteceu.
Quando o Joaquim descalçou as botas e tirou as meias , para lá da atmosfera ter ficado algo poluída… as meias ficaram em posição vertical !
Risota geral e o Joaquim sem se tocar, sentenciou, não se riam porque as minhas meias gostam de ficar “ sintadas” em pé !!


Carapau de Corrida

6 comentários:

  1. O Senhor Engenheiro e o Caseiro. Uma história do antigamente e...também dos nossos dias, infelizmente.

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  2. Só para quem gosta de caça como é o meu caso, mas mesmo assim o carapau já nos deu melhor. Não acham ?

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  3. Também acho.Talvez o Carapau de Corrida se esteja guardando e provocando o aparecimento de mais escrita revestida com um pouco de humor que por aqui tem faltado.

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  4. Anónimo Cobardola2 de maio de 2009 às 18:42

    Não perdeis pela demora!
    Mu-ah-ah-ah-aaaah!
    Mu-aaaah-aaaaH-aaaah!
    (nota: esta gargalhada deve ler-se com o desdém típio dos cientistas loucos quando dizem "Soon the world will be mine!")

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  5. Cheirar mal dos pés deve ser um pesadelo!!!

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