é uma história que, quando não possa ser explicada pelo mérito
(o que, aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte.
Uma sorte extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo,
ter sentido uma irresistível vocação de militante socialista,
que para sempre lhe mudaria o destino traçado
de humilde empregado bancário da CGD lá na terra.
Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante
trabalho político no PS, cimentando um currículo de que, todavia,
a nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente
político, acto, ideia ou obra que fique na memória.
Culminou tão profícua carreira com o prestigiado cargo de ministro
da Administração Interna - em cuja pasta congeminou a genial ideia
de transformar as directorias e as próprias funções do Ministério
em Fundações, de direito privado e dinheiros públicos.
Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever, conduziria
à multiplicação de despesa e de "tachos"
a distribuir pela "gente de bem" do costume.
Injustamente, a ideia causou escândalo público,
motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres
a dispensar os seus dedicados serviços.
E assim acabou - "voluntariamente", como diz o próprio
- a sua fase de dedicação à causa pública.
Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de funcionário
da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de director,
com a misteriosa pasta da "segurança".
E assim se manteve um par de anos, até aparecer
também subitamente licenciado em Relações Qualquer Coisa
por uma também súbita Universidade,
entretanto fechada por ostensiva fraude académica.
Poucos dias após a obtenção do "canudo", o agora dr. Armado Vara
viu-se promovido - por mérito, certamente, e por nomeação política,
inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD:
- assim nasceu um banqueiro.
Mas a sua sorte não acabou aí: -ainda não tinha aquecido o lugar
no banco público, e rebentava a barraca do BCP, proporcionando
ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de domesticar
o maior banco privado do país, sem sequer ter de o nacionalizar, l
imitando-se a nomear os seus escolhidos para a administração,
em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso".
A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD,
que para lá levou dois homens de confiança sua, entre os quais
o sortudo dr. Vara.
E, para que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes
a presidência da CGD e assim a meteórica ascensão do dr. Vara
na banca nacional acabou por ser assumida com um sorriso
e um tom "leve".
Podia ter acabado aí a sorte do homem, mas não.
E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou achado, por pura sorte,
descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da CGD,
conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento,
no qual vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo.
Porque, como explicou fonte da "instituição" ao jornal "Público",
é prática comum do "grupo" promover todos
os seus administradores-quadros ao escalão máximo
quando deixam de lá trabalhar.
Fico feliz por saber que o banco público, onde os contribuintes
injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros para,
entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestado
ao sr. comendador Berardo para ele lançar um raide sobre o BCP,
onde se pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação,
tem uma política tão generosa de recompensa aos seus
administradores - mesmo que por lá não tenham passado
mais do que um par de anos.
Ah, se todas as empresas, públicas e privadas, fossem assim,
isto seria verdadeiramente o paraíso dos trabalhadores!
Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas coisas de forma leve.
Mas o 'factor Vara' deixa-me vagamente deprimido.
Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito
e esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos
e que hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT
ou de vendedores porta a porta e, não sei porquê,
sinto-me deprimido. Este país não é para todos.
P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que
o sr. (ou dr.) Armando Vara tem a correr contra mim
uma acção cível em que me pede 250 000 euros de indemnização
por "ofensas ao seu bom nome". Porque, algures, eu disse o seguinte:
"Quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado
por princípio, porque há muitas coisas no passado político dele
de que sou altamente crítico".
Aparentemente, o queixoso pensa que por "passado político"
eu quis insinuar outras coisas, que a sua consciência
ou o seu invocado "bom nome" lhe sugerem.
Eu sei que o Código Civil diz que todos têm direito ao bom nome
e que o bom nome se presume.
Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores:
- o bom nome, para mim, não se presume, não se apregoa,
não se compra, nem se fabrica em série
- ou se tem ou não se tem.
O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo depois disso,
não estou cativo do "bom nome" do sr. Armando Vara.
Era o que faltava!
Acabei de confirmar no site e está lá, no site institucional do BCP.
Vejam bem os anos de licenciatura e de pós-graduação!!!!! :
- Armando António Martins Vara
Dados pessoais:
Data de nascimento: 27 de Março de 1954
Naturalidade: Vinhais - Bragança Nacionalidade: Portuguesa
Cargo: Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo
Início de Funções: 16 de Janeiro de 2008
Mandato em Curso: 2008/2010
Formação e experiência Académica
Formação:
2005 - Licenciatura em Relações Internacionais (UNI)
2004 - Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE)
http://www.millenniumbcp.pt/pubs/pt/grupobcp/quemsomos/orgaossociais//article.j
html?articleID=217516
que nunca tenha perdido tempo em tachos e no PS !
Conseguiu tirar uma Pós-graduação ANTES da licenciatura...
Ou a pós-graduação não era pós-graduação ou foi tirada com
o mesmo professor da licenciatura, dele e do Eng. Sócrates...
e viva o BCP e o seu "bom nome" !!!
Miguel Sousa Tavares
Nota do "Galo" - Este texto do MST, enviado pelo Mário Ortet, foi escrito muito antes dos recentes acontecimentos que envolveram o nome de tão diligente criatura, mas mantem toda a actualidade...
Estou enojado, estou violentamente agoniado, este texto apenas vem reforçar toda a minha repulsa não pelo Vara mas pelo sistema e pelas pessoas que permitem tanta porcaria.O Vara é um das centenas de frutos desta árvore podre que ensombra o País e ofende os milhares de portugueses que vivem na miséria, dos milhares de desmpregados, dos milhares de portugueses honestos.
ResponderExcluirEstou fartissimo de clamar no deserto, eu que graças à educação que me deram os meus Pais, sempre trabalhei sem enriquecer e sem permitir que alguem me corrompesse como chegaram a tentar em tempos idos.
Mas de quem é a culpa ?
É nossa, de mais ninguem.
Na república dsa bananas onde agora vivemos , naturalmente abundam bananas...NÓS !
Este País não é para todos! Pois não MST! É para os FDP! Que me desculpem os outros galináceos, pela linguagem baixa e vulgar, mas estou tão enojada, tão revoltada!
ResponderExcluirE contudo, o povo estúpido votou neles, OUTRA VEZ!!!!!!!!!
Povo cego, imbecil, inculto. Sim porque todos comentamos, revoltamo-nos, aqui e em privado, mas não sabemos utilizar a forma lícita de acabar com a porcaria! O VOTO! Neste momento estão a perguntar - em quem?
Realmente têm razão. Os partidos precisam de saneamento BÁSICO. Lixo fora, já!
Senão fôr assim, vai à cacetada. Por aqui me fico.
Já ontem me tinham enviado este texto por mail e hesitei em enviá-lo para o Galo. Mas depois pensei: em quem terá votado o MST nas últimas legislativas? para quem votou PS ou mesmo PSD, não tem direito a revolta. É bem feito!
ResponderExcluirMas é isso mesmo que eu ando a clamar há meses, mas a mim chamam-me stalinista e fundamentalista!!!
ResponderExcluirContinuo a perguntar: de onde veio a maioria, mesmo que não absoluta?
ResponderExcluirSe calhar vieram cá os espanhois dar uma mãozinha!!!!
Os tais "...seus amigos espanhóis" de que a MFL falou num dos debates...
ResponderExcluirAgora está tudo explicado!
Para mim, o factor "vara" é muito importante, se não em quantidade, pelo menos em qualidade...
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