quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Hotel da High Society Tupininquim

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O Copacabana Palace, o primeiro grande edifício erguido na praia do mesmo nome, entre 1919 e 1923, quando à volta só existiam pequenas casas ou mansões, sofreu muitas alterações, desde essa altura.

Construído pelo empresário Octávio Guinle, a pedido do Presidente da República da época, Epitácio Pessoa, que desejava ter uma unidade de luxo na, então, capital do país, para receber os inúmeros visitantes esperados para a Exposição do Centenário da Independência do Brasil, esteve envolvido em polémica, mesmo antes da sua inauguração.

Depois de negociações difíceis para obtenção de licença para funcionar como Casino, o projecto foi entregue ao arquitecto francês Joseph Gire que se inspirou fortemente em duas pérolas da Côte d’Azur – O Negresco, de Nice, e o Carlton, de Cannes.

Protelamentos e atrasos sucessivos ( de quem terão os brasileiros herdado esta faceta?) fizeram com que o Hotel só tenha sido inaugurado um ano após o final da referida exposição.
Devido a tal facto, o novo presidente, Artur Bernardes, resolveu retirar a concessão do jogo, o que originou um processo judicial mediático que se arrastou durante anos nos tribunais, até ser dada razão à família Guinle.

O Hotel tornou-se, depois, um centro de glamour internacional com as grandes vedetas da época – Fred Astaire, Ginger Rogers, Maurice Chevalier ou a escandalosa Josephine Baker, que originou a célebre “Chiquita Banana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana, nanica…”- a actuarem perante uma plateia sofisticada e ansiosa por novas experiências.

Só em 1934, foi construída a piscina do Hotel, ampliada quinze anos depois, com uma pérgula lateral que o tout Rio gosta de frequentar e onde, no momento, o grupo que rodeava Sérgio Cassini ocupava diversas mesas.

Várias nacionalidades, dois brasileiros ( Sérgio, Miltinho ), três portugueses ( Gabriela, Deolinda e Teo ) um sérvio ( Velic ), dois venezuelanos ( os manos Chavez), um alemão ( Hans Hahn), para não falarmos dos guarda costas que se espalhavam, com a descrição de elefantes numa loja de louças, á volta da piscina e das inúmeras starlettes que se passeavam entre a mesa de Sérgio e a piscina, abafando risinhos nervosos.

A chegada impactante de Deo, que deixara todos sem fala, fora rapidamente esquecida com a entrada em cena de Gabriela e Teo, a quem Sérgio não se dignou dirigir uma palavra sequer.

O espanhol misturava-se com o português e o inglês, utilizados nas conversas cruzadas.
As gargalhadas alvares de Velic sobrepunham-se a tudo o resto.
Quem, de longe, observasse aquele grupo tão heterogéneo e cosmopolita não poderia imaginar que entre eles se encontrava o serial killer dos Crimes do Galo…

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2 comentários:

  1. O que se diz do Hotel é verdade ou também faz parte do mundo da ficção?

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  2. Este episódio está muito descritivo, mas ok, às vezes é preciso para preparar outros com mais acção.

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