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O plano tinha começado a desenhar-se, ainda na véspera, quando Deo, agora já não se conseguia imaginar como Deolinda, e, muitos menos como Deolinda Simões, descobrira, ou julgara descobrir, o serial killer. O autor dos Crimes do Galo…
Qualquer precipitação, um movimento em falso, e poderia deitar tudo a perder.
As provas eram poucas, ou nenhumas, e meramente circunstanciais.
Suspeitas, mais que provas, que qualquer advogado,
e aquela gente tinha os melhores do mercado,
derrubaria num abrir e fechar de olhos.
O telefonema, recebido pouco antes, era bem prova dissso.
Marcos Tupinambá, com voz desconsolada, contara-lhe que os Irmãos Chavez não tinham aquecido as cadeiras onde ele os pretendia interrogar.
Nem sequer tinham sido precisos advogados ou a influência do Primo, o próprio chefe, um tal Seabra, encarregara-se de soltá-los, pedir-lhes desculpas e, a ele, dar-lhe um esporre, descompostura, como ele explicou, ameaçando-o com a transferência
para o meio de nenhures.
Quando toda a gente conhecia a fama dos Chavez, os negócios onde chafurdavam há anos e as ligações, mais que perigosas, que tinham com o Cassini and partner…
Por tudo isso, Deo tinha que planear e, mais que isso, executar tudo, ao milímetro.
E sem contar com a ajuda do chefe que, ela podia jurar, já devia andar enrolado com a cabra rica, que não a enganara a ela, desde o primeiro momento.
Mas, também, esse era para o lado que dormia melhor, ainda por cima agora que o sorriso e a voz carinhosa de Marcos a faziam sentir sensações desconhecidas.
Mas não era altura para devaneios…
Deo, desceu até à Avenida Atlântica e mesmo defronte do Hotel, numa das dezenas de barraquinhas que vendiam artesanato mas também havaianas, camisetas, cangas ( saídas de praia), óculos de sol, bolsas…comprou um biquini, tipicamente carioca.
E bota tipicamente nisso, porque é de um fio dental, bem reduzido, que estamos a falar.
Branco, com uns enfeites em casca de coco, um desbunde,
como disse o camelô,
mirando descarado os seios generosos da portuguesa.
Sentindo que todos a olhavam, Deo regressou ao abrigo do quarto do Othon e ensaiou o “vestuário” frente ao espelho do roupeiro.
Pensou em desistir.
O fio dental não tapava nada do que era suposto cobrir e em vez disso acentuava as curvas das nádegas, ou bunda, no brazilian style.
Os seios empinados irrompiam por todo o lado…
Mas, depois, a vaidade feminina venceu.
Fez várias poses sedutoras, rindo-se para si própria.
Cobriu-se, ligeiramente. com uma canga transparente e percorreu a curta distância que a separava do Copacabana Palace.
A sua chegada à piscina do Hotel, fez o grupo que rodeava Sérgio Cassini abrir a boca de espanto…
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
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Pois... eu também abriria.
ResponderExcluirMas de desconsolo...
Credo! Fio dental? Só na boca, mesmo!
Cheira-me a asneirada da grossa...
ResponderExcluirBem, a Deo a revelar-se. Isto está do melhor. Acho que ela já não volta a Massamá...
ResponderExcluirOs brasileiros fizeram boas invenções - a Bossa Nova, o chôpes estupidamente gelados, a caipirinha, os móteis, o biquini, o triquini e, principalmente, o fio dental, a água de coco, os sucos de fruta,o chá mate,a asa delta e as MULATAS ( mas essas, se calhar, fomos nós...).
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