quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Madame Butterfly - Puccini

Oriundo de uma família com mais de dois séculos de músicos ,
Giacomo Puccini nasceu em Lucca, na Toscânia, em 1858.
Órfão de pai aos cinco anos de idade, com mais seis irmãos
e sendo a mãe, costureira e porteira, Puccini viu-se empurrado
para a música como forma de garantir a subsistência.
Entrou para o Conservatório de Milão graças a uma Bolsa para estudantes pobres,
tendo tido como professores o violinista Bazzini e Ponchielli, autor da Ópera La Gioconda.
No mesmo ano em que obteve o diploma académico, compôs a sua primeira Ópera, Le Villi,
onde são notórias as influências wagnerianas e que lhe proporcionou a encomenda de novo trabalho para o Scala de Milão e um salário mensal
Cinco anos depois, a segunda Ópera, Edgar, baseada num poema de Alfred de Musset,
não obteria o sucesso que só conheceria com Manon Lescaut
que narra a relação amorosa entre uma cortesã e um cavalheiro.
Mas as suas Óperas imortais, La Bohème, Tosca e Madame Butterfly
surgiram na passagem para o sec.XX.
Homem de grandes paixões e grandes ódios Puccini
teve frequentes discussões com os autores dos seus libretos( Luigi Illica, Giuseppe Adami, entre outros). As suas zangas eram, igualmente, famosas.
Estando de relações cortadas com Toscanini e tendo-lhe enviado um “panettone
( bolo doce que se oferece aos amigos no Natal) apressou-se a escrever um cartão :
”Panettone enviado por engano” ao que Toscanini respondeu” Panettone comido por engano”.
Tendo ouvido um dos seus mais implacáveis críticos a assobiar uma das suas músicas,
Puccini não resistiu a ironizar: ”Então sempre desprezou
a minha música mas, contudo, assobia-a?”
A resposta do crítico, foi ainda mais contundente:
” Não se deixe enganar. Assobio-a aqui como a assobiaria no Teatro!”.








Giacomo Puccini viria a morrer, vítima de um cancro na garganta, em 1924, deixando inacabada Turandot, que viria a estrear dois anos depois.

Madame Butterfly, estreada no Scala de Milão, em 1904,
com apenas dois actos, foi rejeitada pelo público que se manifestou
com grunhidos, gritos, gargalhadas e cacarejos,
saindo da sala sem quase ter ouvido nada da peça.
Depois de algumas adaptações e tendo passado para os três actos actuais,
a Ópera viria a conhecer o êxito que desde então sempre a tem acompanhado.
Puccini estava certo quando afirmou, no auge das críticas negativas:
” Madame Butterfly está viva, depressa ressuscitará .
Digo-o e repito-o com uma fé inabalável…”

















A Ópera começa em Nagasáki, onde
a marinha americana está ancorada .
O tenente Pinkerton acaba de comprar uma casa, vários criados e uma mulher, Butterfly, Cio-Cio-San significa borboleta em japonês,
com apenas quinze anos .
Esta converteu-se ao cristianismo
para partilhar da mesma fé do marido
o que ofende os seus familiares budistas.
No segundo Acto já Pinkerton partiu há três anos e Butterfly, junto do filho nascido entretanto
e de Suzuki, a fiel empregada, continua à espera da volta do tenente,
rejeitando os convites de ricos pretendentes como o Prícipe Yamadori.
A esperança de Butterfly não morre.
Un bel di vedremo , um belo dia veremos um fio de fumaça no horizonte...
Chega entretanto a notícia que o barco de Pinkerton está de volta.
















































No terceiro e último Acto, depois de uma noite de vigília esperando em vão pelo seu amado, Butterfly adormece exausta.
Entretanto Pinkerton, a sua nova mulher americana e o consul chegam
para levar o filho do primeiro, de que este só agora tomou conhecimento.
Ao aperceber-se do que se passa e perante o afastamento do tenente, Butterfly despede-se do filho e pratica hara-kiri, morrendo de imediato.
É o fim de tudo...































































Depois do já referido insucesso da estreia
no Scala de Milão, Madame Butterfly
tornar-se-ia uma das obras mais vistas
nos prestigiados palcos de todas as latitudes.
Em simultâneo, os nomes mais sonantes do
mundo operático, colocaram esta produção
entre as preferidas para gravações
e desempenhos.



































































Mas a influência de Madame Butterfly fez-se sentir noutras áreas da cultura e do entretenimento, como foi o caso do Cinema, onde já em 1932,
Cary Grant representava um jovem e garboso tenente Pinkerton.







































Entre outras reinterpretações menos significativas, Frederic Miterrand realizaria em 1995,
um Filme bastante clássico, com Richard Troxell e Niang Liang.
Mas de todas, seria M Butterfly a versão mais insólita.
Inspirado na história real dum diplomata francês, Phillipe Bouriscot, apaixonado por uma cantora chinesa de opera, David Cronenberg realizou um Filme magnífico com Jeremy Irons, sempre ele, e John Lone nos principais papéis. O jogo das dualidades e surpresas, prende os espectadores durante toda a exibição.
A letra M. de Monsieur, Madame, Mister ou Mrs, permite um leque vasto de opções...








Sem o mesmo impacto surgiram, ainda, outras cinematizações do livro de David Henry Hwang.







E assim chegamos ao fim de uma história de Amor, que acaba mal ( como é aliás padrão na vida real).

Agradecemos que abandonem a sala pelas coxias laterais e que vejam se deixaram alguma coisa nos vossos assentos. Esperamos tê-los cá, no próximo espectáculo...

E para deixarmos uma mensagem de Vida, comecemos pela morte de Butterfly e voltemos à Esperança...


7 comentários:

  1. Obrigada João. É uma das minhas preferidas.
    Quimera

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  2. upss... acho que deixei cair uma luva no assento !
    ao contrário dos assobios de outros tempos, adorei o espetaculo.
    beijos
    sandra silva

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  3. Quimera e Sandra
    Estão muito rápidas.O post ainda não estava terminado. Voltem daqui a uma hora que, penso eu, já estará musicado...

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  4. Mais um espectáculo,quase,perfeito...só faltou a divina Callas a cantar.

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  5. Seria fácil colocar a Callas mas os vídeos são todos péssimos,para além de todos termos em casa gravações da "diva". Optei, assim, por versões menos vistas que,principalmente a de animação,serão desconhecidas da maioria,com toda a certeza.

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  6. Estes textos acerca da ópera são dos que tenho gostado mais cumprindo a função de distrair e de ensinar. Porque não o cinema ou a literatura vistos deste angulo mais didático?

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  7. O"Galo"não tem pretensões a ter qualquer função didáctica ou instrutiva.
    O"Galo",aliás, não tem qualquer tipo de função.
    Resumindo, o"Galo" é um blog disfuncional...

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