terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Fuga vertiginosa

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Com a ajuda preciosa do trémulo recepcionista, Gabriela e Teo, escapuliram-se pelo longo corredor, até uma pequena porta que dava para as traseiras, onde os empregados estacionavam os seus veículos.
No momento em que iniciavam a descida por uma estreita escada de ferro, ouviam-se já as portas dos quartos a serem abertas, entre gritos de terror e cólera.
“São eles verificando quarto a quarto. Tenho que voltar para a recepção. Meu chefe ficou sózinho e os cafajestes podem já ter notado minha falta”.
Gabriela abriu a carteira e sacou de uma nota o que transformou, a expressão de terror do rapaz, em felicidade plena.
“ Podem pegar minha motoreta. Depois os doutores devolvem…”e indicando uma velha Famel Zundap, esgueirou-se escada acima.

A saída do motel, foi á filme do James Bond.
Quando se aproximaram da Recepção, Teo acelerou a velha máquina no seu máximo e sentindo as unhas de Gabriela cravadas nos rins passou a cancela, que se encontrava levantada.
Dos gorilas, a guardar essa zona ficara apenas um, que ainda abriu os braços na tentativa infrutífera de lhes impedir a passagem mas que, ao ver o embalo daquela antiguidade, só teve tempo de saltar para o meio dos cactos que decoravam aquela zona.
Quando se recompôs, e para salvar a moral sacou de um revólver e disparou dois ou três tiros sobre o casal em fuga que desaparecia já, lá embaixo, na curva para a Niemeyer.

Quinze minutos depois, parados na Delfim Moreira, junto à estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, Teo copiava, involuntariamente, a pose deste, sentado num banco, enquanto bebia sôfrego uma lata de Antártica.”Juro, Gabriela, que senti uma das balas a roçar-me a cabeça” dizia o detective, tentando suster o tremular das mãos.
O pragmatismo de Gabriela, veio, uma vez mais, ao de cima.
“Isso agora não interessa nada…Eu gostava era de perceber quem foi o mandante para uma coisa destas, tão bárbara e primitiva”.
“Mas, não põe a hipótese de ter sido o seu marido?”inquiriu Teo, tentando recuperar o sangue frio e o profissionalismo que, desde o início, deixara sempre em segundo plano.
“O Sérgio? Nã…isso é uma idiotice completa, muito óbvia. O meu marido é demasiado inteligente para planear uma bobagem destas…”
Ferido no seu amor próprio, Teo amuou e perguntou já a avançar para a motorizada” Não acha melhor irmos indo? E para onde é que vamos?”.
Desta vez, Gabriela não tentou sequer tratar das feridas daquele ego que, apesar das aparências, era tão sensível e vulnerável, mas que ela, na realidade já não ia tendo muita paciência para aturar.
“Para o Copacabana Palace, para onde é que poderia ser mais?”.

Pouco depis, chegavam ao Hotel.
Entregaram a motoreta ao estupefacto e engalanado porteiro que, por sua vez, a fez desaparecer para uma qualquer garagem escondida.
Chegaram à piscina, na mesma altura que Deo fazia a sua entrada triunfal, já descrita anteriormente.

7 comentários:

  1. E eu que não imaginava que a Famel Zundap tivesse chegado tão longe!...

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  2. Zundap....que saudades dessa época...da Lambreta...da Cocciolo (será assim que se escreve?), do meu Gogomoblie !!

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  3. Credo Zé Manel!
    Por esse andar só falta dizer-nos que foi colega do Fred Flinstone! : )

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  4. Esta ligação à entrada da Deo, foi muito bem feita. Great!

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  5. Frenético este romance!
    Há sempre história, sempre novidade. Manter este ritmo não deve ser leve, não!

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  6. ...Qual James Bond!?!!!
    Isto está no máximo, mistura de Speed, com Body Heat, com Missão Impossível, com Silêncio dos Inocentes...o máximo, repito!!!

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  7. Boa Moira de Trabalho, gostei da piada e encaixei !!!

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