terça-feira, 3 de novembro de 2009

Hermanos Chavez, los Primos

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A chegada dos irmãos Chavez, ao Aeroporto Internacional do Galeão,
como continua a ser conhecido,
apesar de rebaptizado de António Carlos Jobim,
fez-se com o alarido habitual.
Paco Chavez, com o seu fato italiano de três peças
e a camisa de seda preta, aberta quase até ao umbigo,
cobria os pelos fartos do peito com grossos colares de ouro,
que chocalhavam à medida que os tacões dos sapatos pontiagudos
batiam no mármore da sala de chegadas do aeroporto.
A sua baixa estatura, o peso excessivo, a calvice precoce
e o bigode farfalhudo, lembravam a caricatura estereotipada
de um traficante de droga colombiano,
o que se aproximava perigosamente da realidade.
A única imprecisão é que, tanto ele como o irmão,
eram venezuelanos, primos do político de mesmo apelido.
Pepe Chavez, pelo seu lado, era o oposto do irmão mais velho.
Alto, esguio, o cabelo comprido puxado à razão de muito gel,
as patilhas e as sobrancelhas desenhadas à navalha,
uma base ligeira a cobrir-lhe as maçãs do rosto salientes.
Usava calças de cabedal muito justas e uma camisa vermelha
de cetim escarlate, homenagem ao familiar poderoso,
alavanca impulsionadora de muitos dos seus negócios
e protecção permanente, em caso de alguma infelicidade.
Quatro gorilas, de cor e raça indefinidas, seguiam-nos,
lançando olhares suspeitos à sua volta,
enquanto dois bagageiros transportavam uns carrinhos
repletos até cima com malas Louis Vuitton e Hermés,
para a breve estadia na Cidade Maravilhosa.

A razão da viagem tinha sido o telefonema codificado
que Velic Ustinov lhes fizera na véspera “A fruta já está madura !”.
Isso significava que o império Cassini estava prestes a mudar de mãos.
E os irmãos Chavez queriam estar presentes na hora
da passagem do testemunho,
tinham muito a lucrar com a deposição de Sérgio, que,
nos últimos tempos se tornara demasiado ambicioso
e não estava a repartir os fabulosos lucros da forma
mais justa para todos, ou, pelo menos, para eles,
que asseguravam o plantio, o fabrico, a embalagem,
o transporte e a entrada dissimulada no país.
Só ficava a faltar a distribuição, uma espantosa
e muito bem organizada rede espalhada por todo o país,
que levava a droga da cobertura mais requintada dos Jardins,
em São Paulo, ao boteco mais nojento do Méier.
Esse trabalho elaborado e pensado por Cassini,
com a preciosa ajuda de Miltinho, era o que o sérvio
afirmava ter capacidade para assegurar,
sem a presença dos outros dois e abrindo mão de uma larga
percentagem do lucro, para partilhar com os manos Chavez.
E o que fazer, aos alvos a abater?
Velic, dizia que já tinha feito a cama aos dois, de modo,
a nunca mais se ouvir falar de nenhum deles.

Enquanto Paco se dirigia a um quiosque, ainda dentro do aeroporto,
para comprar tabaco brasileiro, que adorava,
Pepe olhava com ar guloso para as mulatas
que circulavam pelos amplos corredores entre lojas.
Considerava-se um sedutor, um amante latino
que deixava as mulheres loucas embora a suas experiências
se resumissem a profissionais do sexo que viam nele,
para além do seu sadismo, uma fonte inesgotável de rendimento.
Estava tão absorto, na contemplação das curvas morenas,
que foi sobressaltado pelo toque no ombro.
“ Polícia Federal. Inspector Marcos Tupinambá…
Considere-se preso !”

5 comentários:

  1. Bem, esta ligação ao Chavez agora é a cereja no topo do bolo...

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  2. J.V. , hoje o senhor estava inspirado !

    'Piqueno' probleminha só é:
    Se o 'porque no te callas' do Chavez ler isto, deixa de nos vender o pitrolim, aí o Socratucho vai abaixo e temos que gramar de novo a 'tiazinha', e ainda por cima sem combustível....
    'Tamos tramados, one way or the other.



    :-)


    Parabéns de novo, J.V. !

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  3. Eu com receio que, com a descoberta do criminoso pela Deo ( descobriu, não foi?)a saga estivesse a aproximar-se do fim e o aparecimento de novos personagens abre novas perspectivas e, espero eu, novos episódios.
    E dos primos do Chavez espera-se tudo...

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  4. MTH , ou estou a tresler ou quem o apanhou foi o famoso inspector Marcos Tupiniquin.

    :-))

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  5. Está mesmo a tresler, Alvega.
    Seu Marcos prendeu os Chavez, mas a Deo, no quarto do hotel, descobriu, ou julgou "descobrir" o assassino...
    Até eu já estou baralhado apesar da explicações do mon ami Jaime Varela.

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