terça-feira, 3 de novembro de 2009

TAXI - Paquera em Movimento

Esta passou-se no Rio de Janeiro.
Em plena Avenida Rio Branco, no Centro, com um trânsito intenso e imenso, eu tentava, sem grande sucesso, apanhar um táxi, que me levasse à zona industrial da cidade carioca – a Avenida do Brasil.
Gesticulava para cá, esbracejava para lá, mas os táxis, ocupados ou a responder a pedidos telefónicos, passavam, com um olhar distante.
A hora da reunião, que marcara, aproximava-se perigosamente e transporte, nada…
Até que, lá longe, vi, uma viatura que me pareceu, erradamente como se verá mais à frente, estar livre.
Mais gestos, fora do passeio para não ser ultrapassado pelas outras pessoas em igual situação, mas quando o carro passou por mim, sem parar, vi que no banco de trás, uma atraente morena me olhava com um sorriso trocista.
Como nessa altura, antes de me tornar uma pessoa séria e compenetrada, era muito dado a esse tipo de atitudes, encolhi os ombros, transmitindo gestualmente ”Que pena, fica para a próxima…”.
Qual não foi o meu espanto, quando me apercebi que o táxi parava dois metros à frente e que a jovem passageira me fazia sinal para que corresse a entrar nele.
Assim fiz, e ela com aquele sotaque carioca, morno e achocolatado, que é logo meio caminho para o início de uma boa amizade, informou-me que iria sair um pouco mais à frente, no Largo da Cinelândia, e que eu poderia aproveitar o carro para seguir viagem.
Nunca uma lenta fila de trânsito, cheia de arranques e paragens, me soube tão bem como aquela.
À altura passava na Globo uma novela ( “O Casarão” com o Paulo Gracindo) em que um dos personagens era um jovem tuga, falando à maneira da terrinha e com um estrondoso sucesso entre o mulherame local.
De tão habitual, a frase “ Você parece mesmo o ….( já não me lembro do nome da figura) do Casarão. Fala, para eu escutar…adoro o vosso sotaque” já se tornara, há muito, quase que rotineira e expectável.
E, foi assim que o nosso diálogo começou “ Que sotaque gostoso…Você é patrício?”.
Palavra puxa palavra, sotaque puxa sotaque, países irmãos, coisa e tal, amizade luso-brasileira, e etc, quando chegámos duzentos metros à frente, onde a moçoila ia sair, já tínhamos trocado nomes, estados civis, telefones, fixos porque ainda não havia outros, signos ( dado essencial para a maioria das brasileiras, nos primeiros cinco minutos de conversa ) e combinado um jantar, para essa mesma noite.
No resto da viagem, de que esqueci os pormenores, o taxista, com toda a malandragem carioca foi-me espicaçando:
“Vá em frente Dotô ( no Rio quem engraxa os sapatos ou anda de táxi é sempre tratado desta forma), manda brasa, que a moça tava dando em cima de ocê…”
O ocorrido nessa noite, viria a confirmar a previsão do condutor, mas essa estória já não faz parte desta série…

Travis Bickle

6 comentários:

  1. Faço minhas as palavras da MdT.

    Gudie, gudie, T.B. !

    ____________________________________________

    Nota à parte:
    A zona industrial do Rio evitei, não tinha lá o que fazer.
    Mas lembro-me de ter ido a um cinema na Cinelândia, com uma patota de brasileiros, australianos e ingleses (já não me consigo lembrar do filme, mas felixmente tinha subtítulos, não era 'dublê'...)

    No largo havia um fulano com uma espécie de 'mini-roulotte' a vender uma comida 'estranha' (com feijão ?) que não experimentámos, por consenso.
    A seguir ao dito filme fomos comer a uma pizzaria no Leblon, lembro-me porque fomos eu e uma das inglesas a pagar a conta de umas 12 pessoas...

    Uma curte, seja como fôr...

    :-)

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  2. História engraçada mesmo que possa ( eu disse possa...) ser ficção pura!!!

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  3. Ficção?
    Pois MTH, disto há por lá muito segundo dizem amigos porque eu que lá vivi não dei por nada.

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  4. Cábou em transa ou não, seu Travão( Freio, seria melhor)de Bicicleta?

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  5. Galo...
    Quêm te viu e quêm te vê...
    Há quantos anos não fazes "amizades" destas???!!!

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