O Trabalho da Moira

Dear John,

Life goes on.
By the time you read these lines, I´ll be gone.
…dizia a canção do genérico de uma sitcom dos anos 80 – embora a referência Dear John no sentido de começo de despedida já venha do tempo da II Guerra…

Querido João,

A vida continua.
Na altura que estiver a ler estas linhas provavelmente estarei a ler as suas.
E a probabilidade de isto ser verdade é tanto maior quanto a proximidade a que estarei de um computador.

Não é para ser engraçadinha que lhe escrevo isto; para ser franca, já tentei sê-lo mas parece que os meus pais ainda assim não se riem.

Numa época em que qualquer idiota escreve e publica as alarvidades que lhe vão na alma – vidé comentário da Clara Ferreira Alves acerca dos excrementos bloguísticos que para aí se podem ler e que, antigamente, para sorte nossa, jaziam nas gavetas até uma empregada mais extremosa lhes dar o devido destino – poder contar com a qualidade constante da escrita, da selecção de temas, do grafismo e dos comentadores habituais deste blogue, é, mais que uma lufada de ar fresco, a certeza de que no meio da mediocridade vigente há espaço para surgir a réstia de esperança para os amantes das coisas boas e, sobretudo, bem feitas.

Imodestamente, estou a incluir-me nelas, como é bom de ver.
Se por um lado, tenho tido o descaramento de desenhar e escrever para ser vista – coisa que habilmente fui evitando ao longo de 20 anos - por outro, é com alguma coragem [alguns dirão inconsciência] que me exponho. Isto, porque tenho pavor do ridículo e, até nisto, o Galo tem-me forçado a mudar a minha postura de vida.

Não será exagerado dizer que a minha vida mudou com O Galo de Barcelos ao Poder.
Tenho total consciência disso, aliás; e os que me são mais próximos poderão confirmá-lo. Leio mais, escrevo finalmente. Desenho mais, exponho finalmente. Penso mais, existo, por fim.
O Galo de Barcelos ao Poder tem tido um efeito catalisador em mim: os elementos, aparentemente, boiavam na inércia e no medo; o Galo deu-lhes espaço, energia e, sobretudo, galvanizou-me para concretizar coisas que, arrisco, estão bem feitas.

Dear John não, portanto, uma despedida. É um cumprimento diário e obrigatório.

Moira de Trabalho