quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Delícias Turcas

29

Acordei na praia, completamente pelado.
Bem, completamente não, porque ainda tinha vestida minha sunga.
A cabeça pesava como se fosse feita de tijolo.
Tentei me lembrar de como teria ido parar naquele canto da praia,
bem no finalzinho de Ipanema.
O madrugar da hora tornava a praia deserta, mas logo, logo,
os surfistas iam começar a chegar para pegar umas ondas.
Quando tentei me levantar senti uma zoeira nos ouvidos
e a vista turva.
Na cabeça começaram a surgir imagens formando um mosaico
que, aos poucos, me fez recordar da noite anterior.
Minha chegada ao bar da Farme Amoedo, puto da vida
com o esporre que levara do Sérgio, por ter deixado
sua mulherzinha sair, sem eu saber para onde.
Por mais que eu dissesse que o Hotel tinha saídas para
a Avenida Atlântica mas, também, para a Nossa Senhora
de Copacabana, ele continuara a me xingar.
A mim, que o adorava, capaz de dar a vida por ele…
Quando me mandei do hotel , procurei aquele local porque era
dum antigo camarada do reformatório, um cara gilette
que estava fazendo uma nota preta com o bar gay em Ipanema.
Quando cheguei meu amigo não estava, mas eu enchi a cara,
enquanto esperava por ele.
Meia dúzia de cachaças depois, comecei a ver o Sérgio
sorrindo para mim num banco alto do balcão.
Ergui o copo, num brinde silencioso e ele veio sentar na minha mesa.
Afinal não era o Sérgio, este era mais novo, mais magro…e bicha.
Pensei mandá-lo embora mas já estava demasiado de porre
para isso. Até achei bacana lhe poder dizer
“- Vá levar na bunda, seu viado “.
Ele, então, me lascou um baita beijo em minha boca.
Fiquei meio sem graça, mas nesse momento ele me convidou
para irmos a uma sauna, bem perto dali.
Achei que isso ia poder ajudar a passar
o quase coma alcoólico em que me encontrava.
Saí ajudado pelo Juquinha, era este o nome do puto,
e por outro amigo, entre os risos da clientela,
constituída por bofes e similares.
Quando chegámos à sauna lembro de ter rido com o nome
Delícias Turcas.
Pareceu-me ver um gigante com cabelo à Bob Marley
passar uns trocados aos garotos.
Na última imagem que me recordo, estava deitado
numa cabine da sauna e o Juquinha se ajoelhava para...
( ou estaria despindo minhas roupas?).
Depois acordei na praia…
Cheguei ao “ Garota de Ipanema”, onde todo o mundo me conhece,
com a ideia de dar um fio ao motorista Wagner, para ele me vir
buscar, sem dizer nada ao nosso patrão,
mas encontrei apenas as faxineiras, me olhando espantadas.
Me sentei disposto a esperar pelos primeiros garçons,
esses sim me conheciam e não iam rir de mim.
Eles sabem que cá o negão não é para graças.
Liguei o televisor e a primeira frase que ouvi foi:
“…mais uma jovem assassinada,
desta vez na sauna gay “Delícias Turcas…”

7 comentários:

  1. Viado ! Viadinho !! Viadão !!! Bonequinha de peluche.

    :-)

    Delícia, seu J.V..
    :-))

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  2. No Rio só há homossexuais? Lésbicas, não?

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  3. Bem, bem, isto está a ficar cada vez mais hard...
    Alguém me explica porque é que uma lésbica não é homosexual?

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  4. Isto assim é que é bom !!
    Desperta os nossos instintos...ou seja...daqueles que ainda os têm !
    No Rio há de tudo e para todos os gostos.Mas cá para mim o grande atractivo é a sua enorme beleza natural. Tomem lá !!!

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  5. Boa pergunta, Q.!
    Eu prefiro a designação geral de Gay [quer para homem, quer para mulher].
    A palavra 'L' é horrível de feia!
    E homossexual sôa a nome de detergente, ou, pior, doença.
    GAY é mais ALEGRE!

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  6. Oh, Q. toda a gente sabe que as lésbicas sao "femeosexuais"...
    :-)

    Como dix o Z.M., no Rio há de tudo e para todos os gostos.
    Mas sabe-se lá porquê, sempre tive a ideia que sapato, sapatinho e sapatão a gente exportava mesmo daqui...

    :-))


    MdT, completamente de acordo, só que a patente já foi registada há um tempito por
    este senhor , e portanto há uma daquelas chatices de direitos de autor...

    :-)))

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  7. Okies, voltei para atrás, esta é pretensamente p'ra ti Q. (como se tu precisasses de saber...) mas na realidade isto é para todos/as os outros/as leitores d'aqui.

    Gays homens e gays mulheres podem-se encontrar socialmente, serem mesmo ou apenas fingirem ser amiguinhos, (conveniências sociais dixit) mas na realidade são espécies diferentes, têm interesses diferentes, bares diferentes, filmes e séries de TV diferentes, etc.


    Ainda me lembro quando fui a um bar de gay-women com outros três amigos, e fomos saudadoa à entrada por um côro do tipo 'Olha as bichas do _______nome de bar elidido aqui.
    Simpático, adorámos...

    Quando a coisa 'aperta', o pessoal, enfim, coliga-se, mas depois cada quais segue os seus caminhos.

    Claro ?

    Ah e ia-me esquecendo de repetir: eu poderia, mas realmente não faço parte da confraria, limito-me a simpatizar com ela, gosto de minorias...

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