quarta-feira, 22 de outubro de 2008

As Minhas Primeiras Leituras




































Desde que me lembro como ser pensante( ...mas não muito!) todas as minhas recordações surgem associadas a Livros.
Policiais, romances, ensaios, ficção ciêntifica, banda desenhada, livros técnicos, poesia, revistas de cinema, decoração, jardinagem, livros de culinária, biografias, jornais,tudo tem lugar na amálgama eclética, que constitui os meus centros de interesse, como Leitor.
Já dei por mim a ler o cabeçalho de um recorte de jornal caído no chão, as instruções de uma qualquer caixa de cereais, a bula de um medicamento, apenas pelo prazer de juntar letras, descobrir significados, procurar desfechos inesperados (?).

E, então, as primeiras leituras que fiz, pelos seis/sete anos, deixaram-me uma marca indelével e, certamente, tiveram uma influência profunda que se reflecte na pessoa que sou hoje.
Os primeiros livros que me lembro de ter comprado ( o primeiro a ser lido, terá sido O Livro da Primeira Classe com o "Batem leve, levemente..." e "Quem quer ver a barca bela...") eram de uma pequena colecção, num formato quadrado com cerca de 8cm e umas doze páginas, que custavam 40 centavos, e tratavam de forma resumida, claro, clássicos como O Gato das Botas, O Pequeno Polegar ou O Rei vai Nu. Eu juntava, centavo a centavo, o total necessário e lá ia, a uma papelaria do bairro, comprar mais um "volume" para a minha biblioteca.
Mas, nessa fase de iniciação, foi o Coração de Edmundo de Amicis, que mais me marcou. O livro era uma espécie de Diário de um rapaz italiano da minha idade e narrava as aventuras do dia-a -dia de uma escola, entremeadas por narrativas heróicas e, vejo agora, muito lamechas, que me faziam vir as lágrimas aos olhos. Li ,depois, algures que o Autor era um ferrenho simpatizante de Mussolini, mas nessa altura já andava eu noutras leituras...
Descobrira a Colecção Azul ( ...nada de piadas, não eram livros só para meninas ), com O Pequeno Lord, David Copperfield e outras desgraceiras semelhantes...

A seguir, começa a grande confusão - a Colecção Vampiro, com grandes escritores, do género policial, como Agatha Christie, Georges Simenon, Erle Stanley Garner,Ellery Queen ( dois primos que escreviam debaixo do mesmo pseudónimo),Frank Gruber, e muitos outros, à compita com a Colecção Capa e Espada, da Romano Torres, onde devorava as intricadas histórias de Ponson du Terrail , ou do Lagardere ( que viria a originar uma série de televisão, com Jean Marais).
É por essa altura que surge, nas minhas leituras, o grande Emilio Salgari que, sem nunca ter saído da sua Itália natal, me viria a incutir o gosto pelas viagens exóticas a países e continentes como a Índia, a Ásia, a América do Sul ou a África.
Mal sabia eu, miúdo de calção ou calças à golf, que viria a visitar muitos desses locais que, na altura, me pareciam apenas cenários irreais das mais extraordinárias aventuras do Sandokan e similares.
Foi também a época do Júlio Verne, mais técnico e científico, e que, talvez por isso, não merecia de mim a mesma atenção que um Mark Twain, um Walter Scott ou as Histórias aos Quadradinhos que surgiam então na minha vida, para nunca mais saírem ( embora adoptando nomes variados, conforme as épocas e modas - Banda Desenhada, Quadrinhos, Comics, Novelas Gráficas...).
A maneira como estas últimas apareceram é, aliás, engraçada. O meu primo Zé ( o único, o legítimo...), tinha um amigo lá de casa que andava embarcado e lhe trazia do Brasil, montes de Gibis ( que era como a banda desenhada era conhecida nessas paragens, por sair no suplemento de Domingo do Jornal do Brasil) que ele me emprestava, e que eu lia religiosamente.
Foi assim que fiquei a conhecer A família Marvel, O Homem de Borracha, o Superman e muitos outros. E, em simultâneo, ia lendo o Mundo de Aventuras e o Cavaleiro Andante.
A Colecção Argonauta, viria a seguir, mas isso já sai do tema...

...E quais foram as "suas" primeiras leituras?
Dizer Fernando Pessoa e Camões, é batota!!!

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