E às vezes, quando menos esperamos, também comemos com ela.
Em Portugal, antes de todas as coisas, está o tempo.Este tempo.
Este que ninguém nos pode tirar e a que os povos com tempos
piores chamam, à falta de melhor, clima.
Depois, há coisas que crescem por causa do tempo.
Como o tempo é bom, são boas.
E como as coisas são boas, os portugueses querem comê-las.
E comem-nas bem comidas, o mais perto
que possam ficar da nascença. Ou da cozinha.
O resto bem pode ser do pior que pode haver no mundo. Não é.
Mas pode ser, à vontade do freguês, conforme se quiser.
Que se lixe o resto. Quando se come bem - quando se come a
vida à nossa volta, com Portugal inteiro à nossa volta, a comer
connosco - esse resto também não parece grande por aí além.
Que fique por saber como realmente se vive em Portugal.
Mas que fique claro que comer, não se come mal.
Que sirva este meu livro de gordo desmentido.
E o resto é como o resto.Ah, Portugal, nosso restaurante!
Mas, quando se come bem e se está com a barriga cheia, o resto
que está mal é como o resto de um bom almoço.
Alguma coisa há-de fazer-se com ele.
Porventura deliciosa, se faz favor..."
Miguel Esteves Cardoso in Em Portugal não se come mal (Assírio&Alvim)
Nenhum comentário:
Postar um comentário