quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Comunicadores ou Hipnotizadores ?


Um senhor careca a apresentar filmes mudos, acompanhado por um pianista que não abria a boca, senão para dizer"Bôa nôte!"; mais um , de sotaque estranho, a emaranhar assuntos uns nos outros, sem grande nexo ou destino ; um sujeito gorducho a declamar poesia; uma dona de casa, de meia idade, a dar receitas tradicionais; um padre a ensinar gramática; um intelectual a dissertar sobre teatro; e finalmente, pasmem, um engenhêro a falar-nos de vacas e couves galegas...
Acham que algum destes temas ou apresentadores nos prenderia, agora, mais que cinco minutos, frente a um televisor?!?
Pois era o que acontecia, algumas décadas atrás ( e, provavelmente, repetir-se-ia agora) graças ao talento de António Lopes Ribeiro no seu Museu de Cinema; com o Se bem me lembro...do inimitável açoreano Vitorino Nemésio; pela paixão transmitida por João Villaret ao dar-nos a conhecer os nossos Poetas; devido aos profundos conhecimentos culinários da simpática Maria de Lurdes Modesto;com o Padre Raúl Machado e as suas Charlas Linguísticas; ao sentirmos que com as Conversas sobre Teatro do pintor e encenador António Pedro estávamos a aprender alguma coisa; e , por fim, na TV Rural do sorridente Eng.Sousa Veloso...bem, aí nem eu sei porque é que ficávamos a ouvir falar das lagartas das couves ou dos carneiros cobridores...


A pergunta que fica é a seguinte - eram as opções alternativas, quase nulas, somadas ao factor novidade, que nos mantinham hipnotizados frente àquela caixinha luminosa. ou estas personalidades eram, mesmo, uns comunicadores natos ?
















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