Há cinquenta anos que o Sr.Silva chegava ao escritório
às nove horas, em ponto.
Há cinquenta anos que o Sr.Silva saía do escritório
às dezoito horas, em ponto.
No espaço de tempo que medeava estas horas,
o Sr.Silva preenchia, há cinquenta anos,
requerimentos com uma letra cursiva,
elegantemente desenhada.
No dia em que o Sr.Silva completou cinquenta anos de casa,
os directores da empresa
resolveram organizar um jantar de homenagem.
Depois do jantar, foi a altura dos discursos.
Agradeceram a pontualidade e constância demonstradas.
E por fim, o grande momento.
A entrega do relógio de ouro.
Como prémio.
De bom comportamento.
Quando o Sr.Silva recebeu o relógio, ficou calado.
Olhou o mostrador e recordou.
Os cinquenta anos de vida inútil.
De dias sempre iguais.
De trabalho monótono e repetitivo.
E nessa altura o Sr.Silva teve o único gesto inesperado
de toda a sua vida profissional.
Pegou no relógio de ouro
e espatifou-o na careca do Senhor Director Geral.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
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