sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Obviamente, demito-o

O facto de ter ido hoje mesmo, pela primeira vez,
a Villanueva del Fresno, pequena e desinteressante vilória espanhola da zona fronteiriça, apenas a 14Km de Mourão,
fez-me recordar o assassinato de Humberto Delgado
que aí ocorreu, em 1965.
O General Sem Medo, autor da célebre frase
"Obviamente, demito-o", quando inquirido acerca do que faria
ao Ditador Salazar se viesse a ganhar as eleições,
era um homem contraditório e merecedor de leituras
muito variadas, dependendo da ideologia dos analistas.
Permitam-me que relate uma pequena estória da História.
Vivia este vosso escriba, em Lisboa, na área do Conde Redondo quando, na noite em que o General discursou
no vizinho Liceu Camões, se ouviu, a meio da noite, um grande burburinho e gritaria.
Tendo ido até à janela do rés-do-chão em que morava,
deparei-me com uma brutal carga de Guardas Republicanos
a cavalo que , de sabre em riste ( ver cartaz anexo) investiam
sobre uma multidão que descia as ruas fortemente inclinadas
da zona. Os que caíam, eram atropelados e pisados
pelos que vinham atrás, num cena dantesca
que, para sempre, ficou registada na mente
do adolescente de 12 anos que, pela primeira vez,
se deparava com a brutalidade, repressão e selvajaria
do, chamado, Estado Novo.

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