sábado, 11 de outubro de 2008

No Tempo da Outra Senhora

Antigamente é que era bom...
Podia-se andar na rua, altas horas da madrugada,
sem o perigo de assaltos.
Não havia muito para fazer, lá isso é verdade
mas, pelo menos não havia assaltos.
Antigamente é que era bom,
não havia carjacking...
Nem sequer tinhamos carros, quanto mais isso.
Antigamente este país não
era uma manta de retalhos,
com tanta etnía, cultura e religião misturadas.
Era quase tudo da Raça Lusitana,
e não estou a falar de cavalos...
Excelentes exemplares de uma selecção natural que,
através dos séculos,
por entre a peste negra, o escorbuto e a malária,
as micoses, a sifílis e as cáries
viera a desaguar em belos varões morenos
peludos q.b.,
com tendência para a calvice e com uns abdomens arredondados
e grande saída, teórica pelo menos,entre as turistas escandinavas,
a provar que os Homens
não se querem bonitos.
Em contrapartida as moçoilas tinham perna curta,
nádegas fartas e descaídas e um buçosinho velado
que eram a perdição de quaquer macho latino
ou mesmo, menos macho.
Por falar nisso, antigamente é que era bom...
Não havia cá nada de Homemsexuais ou essas modernices
que por aí se vêem.
Os Homens, com H grande, gostavam só de Mulheres, e vice versa.
Claro está que poderia haver uma ou outra excepção
mas que era logo tratada
a duches de água fria, excomunhões, porrada ou,
se fossem de boas famílias, com recato e discrição.
Antigamente é que era bom...havia as Famílias Boas e as outras.
E nada de misturas, a não ser uma iniciaçãozita
com a criada de dentro
ou um desenfastiar da Madame com o chauffer.
Antigamente não tinhamos sempre que estar a escolher
entre um Partido e outro.
Um novo Presidente, um novo Governo.
A votar, a ouvir discursos e mesas redondas, a aprender
os nomes dos novos políticos.
Antigamente só havia um Partido, eleições, zero...Um descanso.
E para os mais atrevidos , havia até uma Polícia própria,
que tomava conta até mudarem de opinião.
O problema é que alguns, mesmo ajudados não se convertiam.
Por falar em conversão antigamente a Igreja era mais Igreja.
Nada de seitas, dissidentes ou credos variados.
Tudo em latim para o povinho não entender nada, nós também não, mas ficava mais chic.
E tinhamos pastorinhos, bulas papais e idas a Fátima.
Para os míúdos havia a Mocidade Portuguesa, para as senhoras os chás canasta e o MNF,
o Movimento Nacional Feminino, de saudosa memória.
Para os Homens, as caçadas, touradas e amantes espanholas,
não necessariamente por esta ordem.
Tinhamos um Império, dois se contarmos com o Cinema.
Enfim, antigamente era tudo em grande...

Antigamente era tudo...mais antigo, com mais patine.

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