segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Banqueiro com problemas de Consciência

Era um cinquentão em boa forma física, graças ao personal trainer
e à nutricionista que sempre o acompanhavam.
Os dois cozinheiros, um francês para as refeições mais sofisticadas
e um asiático especialista no wok ,também ajudavam bastante à manutenção da sua figura,
um pouco pesada na zona da cintura, mas suficientemente ágil
para todos os anos fazer esqui em St.Moritz e Genéve,
praticar ténis três vezes por semana e golfe sempre que o bom tempo o permitia.

Banqueiro, seguindo uma tradição familiar já com várias gerações,
o homem andava preocupado.
O facto de milhares de depositantes terem perdido todas as economias
que tinham confiado ao seu banco, deixava-lhe um amargo de boca.
Centenas de empresas terem ido á falência,
significando isso imensas pessoas no desemprego, incomodava-o.

Na véspera, num leilão do Christie's londrino, até se distraira e deixara escapar aquele Van Gogh que perseguia há vários meses. Felizmente depois conseguira arrematar os dois Picassos, mas mesmo assim...

Era uma chatice que o Banco tivesse passado para as mãos do Estado e ele agora
ficasse só Presidente do Conselho de Administração das outras sete empresas do Grupo,
para além de Administrador de duas Fundações, três Seguradoras
e mais umas coisitas de somenos.
A crise financeira estava, realmente, a deixá-lo preocupado
e com um forte peso na consciência.

Engoliu, de um trago, a flute de champagne, atirou, nervoso,o charuto pela borda fora...
...e mandou, o comandante do seu veleiro, rumar a Monte Carlo.

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