sexta-feira, 31 de julho de 2009
Que tal estamos de visão?
Se conseguirem ver a cicatriz do apêndice da última foto da direita, então está tudo perfeito...
Enviado po Moira de Trabalho
Enviado po Moira de Trabalho
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Fait Divers
Os lixos e a alma, ou a alma nos lixos
“Ah! Ah!...foi desta que te apanhei; então andamos a tentar perder uns quilos e tomamos YZX34!!!”
- Olá vizinha! Como vai?
- Olá, … desculpe? Conhece-me?
- Luciano Cortial.
- Ah! E...
- Seu vizinho de baixo. Não me diga que nunca reparou...
- Não! Se quer que lhe diga, nunca reparei... Ah! espere não é o senhor que costuma olhar para o caixote do lixo? Olhar... Olhar não será bem, o senhor mexe no lixo! Porque é que faz isso?
- Bom... eu...eu... não mexo no lixo... Sabe... tenho uma teoria, o lixo de cada um é um retrato da sua alma.
- Da minha alma?
- Sim, sim da sua alma.
- E o que é que o senhor tem a ver com a minha alma? Não lhe parece, que a ser verdade o que diz, está a invadir a privacidade de cada um?
- Bem...pois...
- A partir de agora, de cada vez que deitar para o lixo qualquer coisa vou pensar que o senhor me está a observar... a espreitar a minha alma...
- E isso desagrada-lhe?
- É evidente, não? E se eu espreitasse o seu lixo? Que disparate! Eu quero lá saber do seu lixo... que porcaria.
- O meu lixo é uma porcaria?!... Como é que sabe? Já espreitou?...Já. Já espreitou. Ah! Ah!
- Já espreitei...o seu lixo!? Que pretensioso. Sabe o que lhe digo?
- ...mas gostava muito. Diga, diga.
- Digo-lhe que a sua teoria além de porca e mentecapta é completamente inútil.
- Como assim?
- Pois não é preciso espreitar o seu lixo para lhe ver a alma... esta conversa é mais do que suficiente...
- E a minha alma é?...
- Um lixo, claro! Adeus…tenha um bom dia.
Contos do Feeling Estranho
- Olá vizinha! Como vai?
- Olá, … desculpe? Conhece-me?
- Luciano Cortial.
- Ah! E...
- Seu vizinho de baixo. Não me diga que nunca reparou...
- Não! Se quer que lhe diga, nunca reparei... Ah! espere não é o senhor que costuma olhar para o caixote do lixo? Olhar... Olhar não será bem, o senhor mexe no lixo! Porque é que faz isso?
- Bom... eu...eu... não mexo no lixo... Sabe... tenho uma teoria, o lixo de cada um é um retrato da sua alma.
- Da minha alma?
- Sim, sim da sua alma.
- E o que é que o senhor tem a ver com a minha alma? Não lhe parece, que a ser verdade o que diz, está a invadir a privacidade de cada um?
- Bem...pois...
- A partir de agora, de cada vez que deitar para o lixo qualquer coisa vou pensar que o senhor me está a observar... a espreitar a minha alma...
- E isso desagrada-lhe?
- É evidente, não? E se eu espreitasse o seu lixo? Que disparate! Eu quero lá saber do seu lixo... que porcaria.
- O meu lixo é uma porcaria?!... Como é que sabe? Já espreitou?...Já. Já espreitou. Ah! Ah!
- Já espreitei...o seu lixo!? Que pretensioso. Sabe o que lhe digo?
- ...mas gostava muito. Diga, diga.
- Digo-lhe que a sua teoria além de porca e mentecapta é completamente inútil.
- Como assim?
- Pois não é preciso espreitar o seu lixo para lhe ver a alma... esta conversa é mais do que suficiente...
- E a minha alma é?...
- Um lixo, claro! Adeus…tenha um bom dia.
Contos do Feeling Estranho
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MicroContos
A Capa do Dia
Cavaco ganha guerra a Sócrates, e nós o que é que ganhamos com isso?;Ronaldo escolhe mansão de luxo, também com o que ele ganha...; atentado fecha ilhas espanholas, o que é que a ETA ganha com estas cenas?; Benfica conta com César Peixoto, será para ganhar?; e o Correio da Manhã sorteia um Smart por semana, quem ganhará ?
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1ª Página
quinta-feira, 30 de julho de 2009
A Capa do Dia
Hoje ficámos a saber que um indivíduo fugiu da prisão e passou 16 anos escondido em cavernas, terá valido a pena?; constatamos, com pesar, que Américo Amorim continua a ser o mais rico do país, mas com uma redução na sua fortuna superior a 1/3, o que é uma pena; que o Sporting, ao empatar, pôs em risco milhões de euros, o que prova que são mesmo dignos de pena; que o Hospital de Santa Maria vai substituir o remédio para tratamento dos olhos, uma pena não o ter feito há mais tempo; e, finalmente, que Sócrates força pactos, valerá a pena ?
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1ª Página
Que belo dia de praia
Todos os anos ia até ao Algarve passar uns dias, mas ficava sempre na mesma zona.
Ali estava rodeado de praias da moda, centros comerciais, restaurantes de autor, praças de touros, parques temáticos e aquáticos, lojas de marca, supermercados, cinemas, condomínios fechados, spas, discotecas e bares, enfim, todas as comodidades modernas a que não conseguia fugir, mesmo durante aquelas duas semanas de férias em que deixava o escritório de advocacia na mão dos seus sócios, de longa data.
Mas naquele dia, meteu-se no seu Alfa Romeo topo de gama e rumou para outras paragens. Queria experimentar algo de diferente…
Passou Faro, Loulé e Tavira e virou à direita, pouco depois de Cabanas.
O letreiro dizia Cacela. Foi seguindo uma estrada de terra, tortuosa, até parar num local que uma tosca tabuleta indicava como Fábrica.
Sentiu-se noutro mundo.
A Natureza em toda a sua plenitude.
Uma língua de areia que se espraiava entre a Ria e o Mar.
Atravessou para o outro lado, numa moderna chata de fibra de vidro que substituíra os antigos barcos de pescadores a remos e, posteriormente, com motor fora de borda.
O condutor da embarcação recomendou-lhe o arroz de lingueirão, especialidade do restaurante que se debruçava sobre a Ria.
Passeou no areal quase deserto.
Como uma criança, sentou-se a apanhar berbigão, que parecia brotar da areia.
Seguiram-se as cadelinhas com que encheu um saco de plástico que trouxera com algumas peças de fruta.
Sentia o sol forte a queimar-lhe a pele.
Deitou-se nas piscinas naturais que, aqui e ali, se formavam de maneira aleatória.
A água morna fê-lo esquecer a friagem de outras paragens.
Entretanto a maré ia subindo.
Os poucos banhistas foram-se, levando os filhos pequenos, pela mão.
Foi passando de ilhota para ilhota, com cuidado porque os seus dotes natatórios eram escassos, muito escassos.
Cansado, acabou por adormecer, extasiado de contentamento.
Há muito que não se sentia assim purificado, livre, selvagem.
Horas depois, quando acordou o sol já desaparecera.
O ilhéu onde se encontrava, reduzira-se a uns poucos metros quadrados.
A água, com metros de profundidade, impedia-lhe a fuga.
E subia, impiedosa.
Tentou gritar, esbracejar. Ninguém o ouviu.
O último som que emitiu foi um gorgolejar estrangulado…
E a praia lá continua lá, linda, selvagem e quase desértica.
Ernesto E. Minguêi
Ali estava rodeado de praias da moda, centros comerciais, restaurantes de autor, praças de touros, parques temáticos e aquáticos, lojas de marca, supermercados, cinemas, condomínios fechados, spas, discotecas e bares, enfim, todas as comodidades modernas a que não conseguia fugir, mesmo durante aquelas duas semanas de férias em que deixava o escritório de advocacia na mão dos seus sócios, de longa data.
Mas naquele dia, meteu-se no seu Alfa Romeo topo de gama e rumou para outras paragens. Queria experimentar algo de diferente…
Passou Faro, Loulé e Tavira e virou à direita, pouco depois de Cabanas.
O letreiro dizia Cacela. Foi seguindo uma estrada de terra, tortuosa, até parar num local que uma tosca tabuleta indicava como Fábrica.
Sentiu-se noutro mundo.
A Natureza em toda a sua plenitude.
Uma língua de areia que se espraiava entre a Ria e o Mar.
Atravessou para o outro lado, numa moderna chata de fibra de vidro que substituíra os antigos barcos de pescadores a remos e, posteriormente, com motor fora de borda.
O condutor da embarcação recomendou-lhe o arroz de lingueirão, especialidade do restaurante que se debruçava sobre a Ria.
Passeou no areal quase deserto.
Como uma criança, sentou-se a apanhar berbigão, que parecia brotar da areia.
Seguiram-se as cadelinhas com que encheu um saco de plástico que trouxera com algumas peças de fruta.
Sentia o sol forte a queimar-lhe a pele.
Deitou-se nas piscinas naturais que, aqui e ali, se formavam de maneira aleatória.
A água morna fê-lo esquecer a friagem de outras paragens.
Entretanto a maré ia subindo.
Os poucos banhistas foram-se, levando os filhos pequenos, pela mão.
Foi passando de ilhota para ilhota, com cuidado porque os seus dotes natatórios eram escassos, muito escassos.
Cansado, acabou por adormecer, extasiado de contentamento.
Há muito que não se sentia assim purificado, livre, selvagem.
Horas depois, quando acordou o sol já desaparecera.
O ilhéu onde se encontrava, reduzira-se a uns poucos metros quadrados.
A água, com metros de profundidade, impedia-lhe a fuga.
E subia, impiedosa.
Tentou gritar, esbracejar. Ninguém o ouviu.
O último som que emitiu foi um gorgolejar estrangulado…
E a praia lá continua lá, linda, selvagem e quase desértica.
Ernesto E. Minguêi
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MicroContos
Como colocar um Preservativo
...Esta é considerada a maneira mais eficaz de colocar um preservativo, de modo a evitar a SIDA.
Enviado por Zé Manel
Enviado por Zé Manel
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cartoon
Perseguição à Benny Hill
...E depois digam-me se a ficção não copia a realidade !?!!!
Enviado por Moira de Trabalho
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Rir é a Solução
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Postais de Luanda - Estive no centro geodésico de Angola
O título deste postal serve para dizer que fui à província do Bié, bem no centro de Angola, desta vez de avião, 600 kms.
Tem como cidade capital Kuito, antiga Silva Porto.
Também visitei Camacupa (antiga Geneal Roçadas) e Catabola (antiga Nova Sintra).
Fui ver terrenos para avaliar a possibilidade de investir na produção de arroz.
Esta zona é conhecida por ter sido uma das principais áreas de produção agrícola no tempo colonial.
Como está distante de Luanda ainda não é muito cobiçada e por isso vamos ter a possibilidade de seleccionar talvez os melhores terrenos.
Fiquei impressionado pela vastidão das áreas com potencial, sobretudo tendo como termo de comparação as zonas de produção de arroz que conheço em Portugal, o vale do Mondego e a Comporta.
As zonas que visitei estendem-se por mais de 150 kms. ao longo do rio Kuquema (afluente do Kuanza) e não são captáveis em fotografia normal, o ideal será fazê-lo de avião ou de helicóptero, o que provavelmente farei numa próxima visita, caso se considere viável investir nesta zona, onde obviamente as condicionantes são muitas: acessos (em 2 dias fiz 400 kms, sempre em picada), infraestruturas de apoio (inexistentes), pessoal qualificado, etc., etc..
No entanto, e mais uma vez, fiquei encantado com este território, sobretudo desta vez por me sentir um pouco a desbravar terreno quase inóspito e com a possibilidade de fazer algo de muito útil para a economia deste país (as importações de arroz representam 95% do consumo).
Andei acompanhado por técnicos do Ministério da Agricultura, sendo o Sr. Alegria o mais informado e curioso dos meus projectos, e ainda se recorda do tempo em que os portugueses produziam arroz naquelas terras!
Fiquei muito impressionado numa das aldeias onde parámos (tínhamos sempre que parar nas aldeias cujos terrenos íamos ver para solicitar autorização ao soba) com a quantidade de crianças em proporção com os adultos.
Não sei dizer-vos a proporção, mas não exagerarei se disser 1:5, ou mesmo 1:8.
Só me falta contar-vos as peripécias com a viagem de avião.
À ida o check-in foi às 4 da manhã e o voo às 09:30.
No regresso, apesar de haver dois voos programados, foram ambos cancelados.
Mais um dia, levantar às 6 de manhã para telefonar a perguntar se o avião já tinha sido de Luanda. Sim, era só ir para o aeroporto e esperar.
Como dizem os espanhóis "chega quando chega e parte quando parte".
Felizmente fiquei num hotel bastante razoável, embora a comer todos os dias a mesma coisa: frango!
Tenho saudades de um peixe grelhado escalado a saber a mar.
Por incrível que pareça aqui é difícil encontrar e comer bom peixe: o pessoal gosta mesmo é de carne!
Estive mesmo no centro geodésico de Angola.
Vejam a fotografia tipo Cristo (mas que tem a legenda Deus na pedra!)
E, agora, observem a fotografia da escola, onde o soba estava a explicar ao professor e aos alunos que deviam estudar muito para um dia serem como eu (!!!)
Pirolito142(Our Man in Angola)
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Fotos do Mundo
Obama foi ao Médico
Esta é a nova imagem de Obama, depois de ter consultado o ex-médico de Michael Jackson.
O que vos parece?
Enviado por Maria Moura
O que vos parece?
Enviado por Maria Moura
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Rir é a Solução
Tonas e Pêpê, Pirucas e Tony
Apresentaram-se os dois vestidos de igual.
De fato escuro e gravata azul clara.
Cordiais de início, foram subindo o tom e a tensão.
Clara de Souza, a meio, ia picando um e outro.
Pedro acusou António de não ter feito nada.
De não deixar obra feita.
António avançou com o endividamento deixado por Pedro.
Que quadriplicou, durante o seu mandato.
Falou-se no túnel do Marquês e no vereador Sá Fernandes.
Um disse que o outro era um sonhador irresponsável.
O outro disse que ele fazia as coisas avançarem,
ao contrário do seu adversário.
Esgrimiram-se muitos números
e poucas ideias.
Crisparam-se os punhos, incharam as veias do pescoço.
Elevou-se o tom de voz.
Cerraram o sobrolho.
Fizeram-se acusações ferozes e juízos de carácter.
Pedro falou da miscelânia que eram os apoiantes de António.
Várias vezes, António perdeu a pose de buda ditoso.
Miraram-se com ódio, sorriram com desprezo.
Declararam o seu mútuo amor à cidade.
E cumprimentaram-se, educadamente, no final do debate.
A seguir, deram o braço, e foram até ao Gambrinus
para uma ceia leve.
De fato escuro e gravata azul clara.
Cordiais de início, foram subindo o tom e a tensão.
Clara de Souza, a meio, ia picando um e outro.
Pedro acusou António de não ter feito nada.
De não deixar obra feita.
António avançou com o endividamento deixado por Pedro.
Que quadriplicou, durante o seu mandato.
Falou-se no túnel do Marquês e no vereador Sá Fernandes.
Um disse que o outro era um sonhador irresponsável.
O outro disse que ele fazia as coisas avançarem,
ao contrário do seu adversário.
Esgrimiram-se muitos números
e poucas ideias.
Crisparam-se os punhos, incharam as veias do pescoço.
Elevou-se o tom de voz.
Cerraram o sobrolho.
Fizeram-se acusações ferozes e juízos de carácter.
Pedro falou da miscelânia que eram os apoiantes de António.
Várias vezes, António perdeu a pose de buda ditoso.
Miraram-se com ódio, sorriram com desprezo.
Declararam o seu mútuo amor à cidade.
E cumprimentaram-se, educadamente, no final do debate.
A seguir, deram o braço, e foram até ao Gambrinus
para uma ceia leve.
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Short Stories
Don Corleone
Ora, aqui temos a continuação da saga...
Enviado por Contessa e Mário Ortet
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Imagens da Nossa Terra
terça-feira, 28 de julho de 2009
Cá estou, como prometido, mas com uma grande "preguiçadêra"...
Como escrevi, há dez dias, cá estou a reatar esta converseta diária.
Entre as centenas de mails que se amontoavam à minha espera, alguma matéria aqui para o "Galo", caso do Pedro Foyos, da La Payita e da Moira de Trabalho que publicamos hoje, mas nem um só MicroConto.
Vamos ver como estaremos de comentários e visitas nos próximos dias, para perceber se vale a pena reatar o diálogo, durante este período, ou se, pelo contrário, será melhor só voltar em força, na rentrée, lá para Setembro...
...A vossa reacção é que ditará a opção a seguir!
Entre as centenas de mails que se amontoavam à minha espera, alguma matéria aqui para o "Galo", caso do Pedro Foyos, da La Payita e da Moira de Trabalho que publicamos hoje, mas nem um só MicroConto.
Vamos ver como estaremos de comentários e visitas nos próximos dias, para perceber se vale a pena reatar o diálogo, durante este período, ou se, pelo contrário, será melhor só voltar em força, na rentrée, lá para Setembro...
...A vossa reacção é que ditará a opção a seguir!
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Divagando se vai Longe
Capa do Dia
Ficámos a saber que o "panamá" do Churchill, como todos os outros aliás, era feito no Equador; que o mítico café de Fernando Pessoa, o Martinho da Arcada, está em risco de fechar; que os remédios para a Gripe A já deram a ganhar mais de um milhão às farmácias; que foram detidos mais de 20 pessoas por cultivo de cannabis, que Paredes de Coura é o festival alternativo para o Verão deste ano e que o PS vai propor a livre circulação de pessoas , nos países lusófonos.
Enfim, nada que contribua muito para a nossa felicidade...
Enfim, nada que contribua muito para a nossa felicidade...
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1ª Página
O Tavares é para quem pode !!!
Traga a continha, faz favor!!!
Não volto lá.
Não volto lá.
Achei o pastel de nata um nadinha puxadote.
Enviado por Moira de Trabalho
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Prazeres da Mesa
Construções de Areia
Esqueçam o ruído à vossa volta e durante breves minutos absorvam a beleza desta animação, aparentemente simples, enviada por La Payita.
E no final...You've got a Friend !!!
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ANIMA São
Dia da Natureza
Hoje, Dia da Conservação da Natureza, a minha celebração será meditativa, reflexiva. Também desassossegada, porque o fanatismo, de que iremos tratar, é um enlouquecimento lúcido, racional, embora rompa com a racionalidade. Uma razão sem razão. Este paradoxo é tão irregenerável quanto o género humano, instável, misterioso: o esplendor e as trevas, sobrepostos.
Após a implantação da República, em 1910, existia uma única celebração anual relacionada com a Natureza, a "Festa da Árvore", acto extraordinariamente incentivado pelo novo regime e que se converteria num popular movimento cultural e cívico à escala nacional. Todavia, as forças conservadoras viam tais festividades como processos de idolatria pagã e uma forma de os «inimigos da Igreja» propagandearem os novos ideários «naturalistas e ateus». Assistiu-se então a uma campanha de crescente hostilidade que, em 1914, redundaria numa insana violência. Entre os meses de Abril e de Julho foram dizimadas milhares de árvores, na maioria recém-plantadas por crianças de todo o País. O texto seguinte é um fragmento adaptado de um trabalho literário da minha autoria que reporta episódios verídicos fundados na imprensa da época.
«As árvores plantadas pelas crianças das escolas foram arrancadas e lançadas a terra pelos que teimam em ver na Festa da Árvore um culto pagão e não um culto de civismo. Este facto, como é natural, indignou profundamente quantos, não andando obcecados por idolatrias dogmáticas, sentem a utilidade, a benéfica influência na educação infantil e até no próprio espírito do povo, da realização de festas como a da árvore. Pode enfim esse bando escuro do retrocesso manobrar à vontade, mandando arrancar, cortar, lançar por terra as amigas e benfazejas árvores que os batalhões infantis alegre e festivamente plantaram aos olhos de uma multidão comovida e contente, que nem por isso a festa querida deixará de realizar-se, em todo o País, numa apoteose de luz, de amor e de verdade.»
Neste ano de 1914, a Festa da Árvore inclui uma novidade interessante: um hino. No início e no fim de cada uma das celebrações, as crianças de todos os pontos do País entoam o novo hino, o Hino da Árvore. Os autores, um músico português (Aboim Foyos) e um poeta brasileiro (Olavo Bilac) concitam de imediato a ira da facção oponente.
Apesar disso, os programas festivos continuam a decorrer com acções de sensibilização nas escolas, concursos juvenis para a inventariação dos exemplares históricos em cada concelho, oferta de vasos com plantas, visitas de estudo a parques, jardins e, sobretudo, plantação de árvores por jovens. Procura-se que cada um plante, pelo menos, uma árvore. Em Lisboa, um dos pólos das iniciativas é o Jardim Botânico da Sétima Colina, onde as plantações se revestem de um carácter simbólico, pois as pequenas árvores serão depois transplantadas.
Após a implantação da República, em 1910, existia uma única celebração anual relacionada com a Natureza, a "Festa da Árvore", acto extraordinariamente incentivado pelo novo regime e que se converteria num popular movimento cultural e cívico à escala nacional. Todavia, as forças conservadoras viam tais festividades como processos de idolatria pagã e uma forma de os «inimigos da Igreja» propagandearem os novos ideários «naturalistas e ateus». Assistiu-se então a uma campanha de crescente hostilidade que, em 1914, redundaria numa insana violência. Entre os meses de Abril e de Julho foram dizimadas milhares de árvores, na maioria recém-plantadas por crianças de todo o País. O texto seguinte é um fragmento adaptado de um trabalho literário da minha autoria que reporta episódios verídicos fundados na imprensa da época.
Quando se sabe que os inimigos das árvores planeiam um morticínio, ninguém quer acreditar. É certo que alguns jornais começam a bravatear, numa linguagem medonha, contra os promotores de iniciativas tão pacíficas como a Festa da Árvore e a recém-constituída Associação Protectora da Árvore. Até um poeta de renome – António Correia de Oliveira – ousa lançar um livro com o provocador título de A Alma das Árvores. É de mais. Um dos periódicos conservadores consigna um «veemente protesto contra o abuso que se está fazendo da liberdade de consciência, forçando milhares e milhares de crianças a enfileirarem numa festa mais do que pagã.»
Contrapõe um órgão progressista:
Contrapõe um órgão progressista:
«As árvores plantadas pelas crianças das escolas foram arrancadas e lançadas a terra pelos que teimam em ver na Festa da Árvore um culto pagão e não um culto de civismo. Este facto, como é natural, indignou profundamente quantos, não andando obcecados por idolatrias dogmáticas, sentem a utilidade, a benéfica influência na educação infantil e até no próprio espírito do povo, da realização de festas como a da árvore. Pode enfim esse bando escuro do retrocesso manobrar à vontade, mandando arrancar, cortar, lançar por terra as amigas e benfazejas árvores que os batalhões infantis alegre e festivamente plantaram aos olhos de uma multidão comovida e contente, que nem por isso a festa querida deixará de realizar-se, em todo o País, numa apoteose de luz, de amor e de verdade.»
Neste ano de 1914, a Festa da Árvore inclui uma novidade interessante: um hino. No início e no fim de cada uma das celebrações, as crianças de todos os pontos do País entoam o novo hino, o Hino da Árvore. Os autores, um músico português (Aboim Foyos) e um poeta brasileiro (Olavo Bilac) concitam de imediato a ira da facção oponente.
Apesar disso, os programas festivos continuam a decorrer com acções de sensibilização nas escolas, concursos juvenis para a inventariação dos exemplares históricos em cada concelho, oferta de vasos com plantas, visitas de estudo a parques, jardins e, sobretudo, plantação de árvores por jovens. Procura-se que cada um plante, pelo menos, uma árvore. Em Lisboa, um dos pólos das iniciativas é o Jardim Botânico da Sétima Colina, onde as plantações se revestem de um carácter simbólico, pois as pequenas árvores serão depois transplantadas.
Ocorrem, entretanto, num fim de tarde, terríveis acontecimentos. No momento em que um dos membros da Associação Protectora da Árvore fala sobre algumas espécies arbóreas em risco de desaparecimento, é interrompido por uma turba danada que força a entrada no Jardim Botânico e investe aos gritos de «abaixo os livres-pensadores, morram os hereges! Morra a República! Morra, morra!» Sem que se perceba logo o motivo da desordem, os intrusos precipitam-se para a área onde haviam sido plantadas as frágeis árvores. Crianças e adultos assistem com olhos de medo à sanha dos espezinhadores. Os amigos das árvores ripostam com energia, porém são neutralizados em pouco tempo perante as longas navalhas e varapaus manipulados pelos brutos. Os corações das crianças estremecem de cada vez que uma das árvores é espezinhada. Todas, transidas, choram.
Os salteadores descem a encosta que dá acesso ao arboreto. Por onde passam arrasam os seres vegetais cuja debilidade, pela tenra idade ou natural condição humilde, não permite opor resistência. Em escassos minutos devastam largas dezenas de plantas. O jardim pasmado deixa-se esventrar em clareiras de raiva. «Morra a República! Morra, morra!» Depois, retrocedendo, parecem saciados, começam a abandonar o recinto, urrando avisos aterradores: «Voltaremos! Voltaremos!»
O bando maléfico retira-se de vez, deixando o Jardim Botânico transformado num caos de maldade.
Os salteadores descem a encosta que dá acesso ao arboreto. Por onde passam arrasam os seres vegetais cuja debilidade, pela tenra idade ou natural condição humilde, não permite opor resistência. Em escassos minutos devastam largas dezenas de plantas. O jardim pasmado deixa-se esventrar em clareiras de raiva. «Morra a República! Morra, morra!» Depois, retrocedendo, parecem saciados, começam a abandonar o recinto, urrando avisos aterradores: «Voltaremos! Voltaremos!»
O bando maléfico retira-se de vez, deixando o Jardim Botânico transformado num caos de maldade.
O escritor João de Araújo Correia, testemunha dos acontecimentos, relembra-os na obra "Pó Levantado":
«Essa Festa, criada em horas estelares, foi vítima de sonhos tenebrosos. Matou-a quem imaginou que Deus Nosso Senhor, depois de criar a árvore, se arrependeu a ponto de pedir aos crentes que lha excomungassem bem excomungada. Chegou a dizer-se, no auge desse delírio, que boas almas de santos, amigos do arvoredo, tinham sido escorraçadas do céu para o inferno.»
«Essa Festa, criada em horas estelares, foi vítima de sonhos tenebrosos. Matou-a quem imaginou que Deus Nosso Senhor, depois de criar a árvore, se arrependeu a ponto de pedir aos crentes que lha excomungassem bem excomungada. Chegou a dizer-se, no auge desse delírio, que boas almas de santos, amigos do arvoredo, tinham sido escorraçadas do céu para o inferno.»
Pedro Foyos
Jornalista
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Traço Descontínuo
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Summer Holidays
No ar, desde Setembro do ano passado, com cerca de 1600 posts editados, numa média diária superior a cinco textos diferentes, o "Galo" vai interromper pela primeira vez, e durante cerca de 10 dias, a sua "emissão".
Tal facto deve-se à verificação de que, durante os meses de Verão, a assiduidade dos nossos visitantes, e mais acentuadamente dos nossos comentadores, desce vertiginosamente e, por outro lado, ao desejo de um descanso total, embrenhado em praia, livros e experiências gastronómicas.
No final deste mês, a partir do dia 28, voltarei , durante alguns poucos dias, ao vosso contacto.
Se não obtiver resposta significativa, encerrarei de novo "para balanço" até à segunda quinzena de Agosto.
E, aí sim, penso reatar o nosso convívio diário de forças retemperadas, ideias novas e mais iniciativas que tornem o "Galo" ainda mais atractivo, interviniente e aglutinador de imensas e diversas personalidades interessantes...
Boas Férias para Todos !!!
Tal facto deve-se à verificação de que, durante os meses de Verão, a assiduidade dos nossos visitantes, e mais acentuadamente dos nossos comentadores, desce vertiginosamente e, por outro lado, ao desejo de um descanso total, embrenhado em praia, livros e experiências gastronómicas.
No final deste mês, a partir do dia 28, voltarei , durante alguns poucos dias, ao vosso contacto.
Se não obtiver resposta significativa, encerrarei de novo "para balanço" até à segunda quinzena de Agosto.
E, aí sim, penso reatar o nosso convívio diário de forças retemperadas, ideias novas e mais iniciativas que tornem o "Galo" ainda mais atractivo, interviniente e aglutinador de imensas e diversas personalidades interessantes...
Boas Férias para Todos !!!
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Fait Divers
Embora os nossos Comentaristas andem picados pela mosquinha da Silly Season e com tendência para escreverem muito pouco, de vez em quando, quando o tema é mais sensível, lá mostram do que são capazes.
Foi o caso da Moira de Trabalho, em relação ao post "Margarida rima com Vida":
"...Margarida,
Foi o caso da Moira de Trabalho, em relação ao post "Margarida rima com Vida":
"...Margarida,
Estive todo o dia aqui, à volta deste post, para o comentar.
Não consegui fazê-lo facilmente.
Por nenhum motivo aparente, acho.
Não tenho, nem tive, ninguém perto de mim na mesma situação; não me é, portanto, uma situação delicada de lidar.
Então, comecei a dissecar a minha angústia.
Várias vezes me perguntei o que faria se tivesse recebido uma notícia como a sua.
A minha primeira impressão, ainda distante, é de que lutaria, com todas as forças e pelos objectivos mais nobres: os filhos, aqueles que nos amam, enfim, por nós mesmos...
Num exercício seguramente masoquista mas necessário, tentei imaginar a situação com o maior rigor possível.
Até lhe adicionei a memória da sensação do sangue a cair-me nuca abaixo, como quando se tem um aflição ou se apanha um susto [especialmente os que são Pais sabem do que estou a falar...].
Juntei os horrores dos dias de hospital, as dores dos tratamentos, a pena que sentem de nós, a impotência dos nossos pais e a sensação de abandono que causaria às minhas filhas.
Esses penosos meses são tortuosos, Margarida.
Não consigo imaginar forças para ultrapassar isso.
Foi aqui que percebi: eu não seria capaz de lutar, como a Margarida fez.
Eu desistiria na hora. Ponto.
Daí a minha angústia em comentar este post.
Senti-me como uma pecadora na fila da comunhão.
A sua grandeza, a grandeza dos que a rodeiam, é em muito superior ao melhor optimismo científico. São uma força espiritual em uníssono, poderosa e comovente.
Comovi-me com a sua história de vida.
Dar-lhe os parabéns é, portanto, muito pouco para expressar a sua vitória.
A minha homenagem sincera à sua determinação..."
E agora os Comentários da Semana também vão ficar de férias, por uns tempos !!!
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Comentários da Semana
A bicicleta do Sr. Padre
Numa cidade do interior, dois padres costumavam cruzar-se de bicicleta na estrada todos os domingos, quando iam rezar a missa nas suas respectivas paróquias.
Mas certo dia, um deles estava apeado.
Surpreso, o outro padre parou e perguntou:
- Onde está a sua bicicleta, Padre João?
- Foi roubada! Creio que no pátio da igreja.
- Mas que absurdo! - Exclamou o ainda ciclista.
Eu tenho uma ideia para saber quem foi: na hora do sermão, cite os 10 mandamentos.
Quando chegar ao «Não roubarás» faça uma pausa e percorra os fiéis com o olhar.
O culpado com certeza que se vai denunciar!
No domingo seguinte, os padres cruzam-se de bicicleta.
O padre que deu a ideia diz:
- Parece que o sermão deu certo, não é, Padre João?
- Mais ou menos - responde ele - na verdade, quando cheguei ao «Não desejarás a mulher do próximo» acabei por me lembrar onde é que tinha deixado a bicicleta!
Enviado por Maria Moura
Mas certo dia, um deles estava apeado.
Surpreso, o outro padre parou e perguntou:
- Onde está a sua bicicleta, Padre João?
- Foi roubada! Creio que no pátio da igreja.
- Mas que absurdo! - Exclamou o ainda ciclista.
Eu tenho uma ideia para saber quem foi: na hora do sermão, cite os 10 mandamentos.
Quando chegar ao «Não roubarás» faça uma pausa e percorra os fiéis com o olhar.
O culpado com certeza que se vai denunciar!
No domingo seguinte, os padres cruzam-se de bicicleta.
O padre que deu a ideia diz:
- Parece que o sermão deu certo, não é, Padre João?
- Mais ou menos - responde ele - na verdade, quando cheguei ao «Não desejarás a mulher do próximo» acabei por me lembrar onde é que tinha deixado a bicicleta!
Enviado por Maria Moura
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Rir é a Solução
La Lune, monsieur Verne, a nossa Lua sorrir-lhe-á na noite de segunda-feira !
Passaram 40 anos. Eu e provavelmente muitos leitores (cinquentões, pelo menos, ou a caminho) fazemos parte daquele grupo de milhões (um quinto da Humanidade, foi dito) que em Julho de 1969 testemunhou com emoção o momento em que Neil Armstrong comunicou ao Centro de Houston: «Aqui Base Tranquilidade. A Águia alunou.»
Recordo que a minha maior surpresa, num misto de ingenuidade e de ignorância, foi a frequência com que Armstrong e Aldrin se referiam à luz lunar. Luz intensa. Luz? Então, não se previa que naqueles ermos estivesse tudo apagado? Não. Naqueles 160 minutos em que os dois astronautas foram os senhores da Lua ouvimos frases como: «Vejo tudo nitidamente, a luz é muito clara.» E: «Posso ver perfeitamente a minha pegada.» Depois, uma declaração esplendorosa: «Pode dizer-se que isto aqui é muito belo.» Numa croniqueta que publiquei na ocasião seleccionei para título estas palavras magníficas de Armstrong: «Vou caminhar para a luz do Sol.» Sempre se dirá que as "tiradas" iam preparadas, a começar pela mais memorável: «... Um pequeno passo, etc.» que de tão conhecida dispensa repetição. Respondo: que importa? No final de um grande espectáculo não se questiona o ensaio que o antecedeu. E assumo a enorme comoção com que ouvi o comandante da missão reproduzir de viva voz a inscrição que lá foi deixada: «Viemos em paz e em nome de toda a Humanidade.» Por um minuto lacrimoso reconciliei-me com a Humanidade. O problema de sempre, o problema humano, é que, findo o espectáculo, as luzes apagam-se neste planeta discrepante e a Humanidade perde-se num quotidiano de infinitas escuridões que nem a luz do Sol consegue dissipar.
Na segunda-feira, porém, gostaria de chamar à festa os heróis ancestrais que sonharam para além dos limites das suas épocas e nos levaram à Lua, em viagens fantásticas, muito antes de Neil Armstrong. Será a minha festa, a nossa festa.
É numeroso e diverso o grupo de convidados, mas terei particular deferência para com dois escritores que no seu tempo foram quase contemporâneos: Jules Verne (o mais premonitório de quantos anteciparam a odisseia lunar) e o perene H.G. Wells.
Inevitável dar lugar condigno a outro pioneiro, que provém da infância literal do cinema, o mágico Georges Méliès.
Muito ele alegrará a nossa festa com as suas ingénuas magias e lances de deslumbramento, levando-nos pela mão, como crianças, ao mundo das crianças: «o mundo de uma criança surpreendida», nas palavras de Georges Sadoul. Pediremos que explique, ternamente, às crianças que seremos nessa noite, como conseguiu ele, em 1902, na sua Viagem à Lua, desdobrar-se nas funções de produtor, distribuidor, realizador, argumentista, encenador, maquetista, director do guarda-roupa e... actor!
Neste género de festas coloca-se de hábito a questão das diferenças geracionais. Não sei ainda como suprir o problema, mas custar-me-ia muito renunciar à companhia de um par inseparável:
A verdade é que Armstrong ainda gatinhava quando ambos já haviam pisado o solo lunar.
Aproveitarei a oportunidade para perguntar a Tintim (ou a Hergé) qual foi o sensacional e inexplicado truque usado pelo coronel Jorgen para fazer a viagem da Terra à Lua sem que ninguém tivesse pressentido a sua presença.
E confidenciar-lhes-ei que, ainda hoje, quando alguém não se porta bem comigo, me vem à memória o engenheiro Wolff, o traidor.
Espero que não tenha o desplante de aparecer na nossa festa.
Pelo contrário, será muito bem-vindo Milu, o primeiro cão lunar. Tanto melhor se aparecer naquele especialíssimo fato espacial que põe em pulgas de inveja os canídeos do mundo inteiro.
A lista de convidados, como referi, é extensa. Quer através da expressão literária quer cinematográfica, uma plêiade de criadores encantou gerações sucessivas com a sua capacidade de antecipação científica e tecnológica, inspirando muitas vezes os próprios sábios da engenharia espacial. Todavia, de entre os pioneiros ficcionistas, os louros pertencem sem contestação a monsieur Verne. Faço questão de ele ser o convidado de honra. Mais idoso, e consideravelmente, apenas o compatriota Cyrano de Bergerac, mas essa é uma outra história.
Em relação a monsieur Verne, pactuaremos no seguinte: não lhe diremos que tem vindo a sobrelevar com dificuldade a erosão do tempo (ao contrário do colega H.G. Wells, igualmente precursor das conquistas da ciência). A missão educativa de que o nosso convidado de honra se investiu, eivando a maior parte das ficções de um didactismo pouco aprazível (e, pior – digamos entre nós, em surdina – , nem sempre um bom exemplo de probidade investigativa), casa mal com os padrões modernos do género. Também lhe omitiremos, já se deixa ver, que há muito ele não é, em definitivo, o autor das obras mais vendidas no mundo – «depois da Bíblia», como ressalvavam outrora as badanas promocionais das edições populares portuguesas.
Fique assente, por outro lado, que nem ao de leve mencionaremos o caso do ilustre crítico que se desapiedou ao ponto de considerar nefasta a leitura das suas ficções pelos jovens estudantes, reputando a qualidade estilística das obras «tão precária que deslustra a literatura francesa.» Algum excesso revestirá tal asserção, mas é verdade, bem sabemos, que o nosso convidado de honra descurou amiúde, no limite do defensável, a arte da boa escrita, pecadilho aliás recorrente entre aqueles que levam a prolixidade criativa a níveis incomuns.
Silenciemos, na nossa noite festiva, esses aspectos mais ou menos demeritórios, porque seria injusto não conceder a monsieur Verne o lugar de honra no panteão absoluto dos grandes visionários prescientes.
A odisseia de uma viagem à Lua, por ele ficcionada em 1865 (Da Terra à Lua) e de novo em 1870 (À Volta da Lua), – que editoras francesas estão neste momento a reunir num único volume celebrativo – constituiu uma das primeiras e mais audaciosas antecipações de uma série notável de feitos cuja concretização ocorreria nas décadas seguintes (mais de um século, no caso das aventuras interplanetárias).
Recordo que a minha maior surpresa, num misto de ingenuidade e de ignorância, foi a frequência com que Armstrong e Aldrin se referiam à luz lunar. Luz intensa. Luz? Então, não se previa que naqueles ermos estivesse tudo apagado? Não. Naqueles 160 minutos em que os dois astronautas foram os senhores da Lua ouvimos frases como: «Vejo tudo nitidamente, a luz é muito clara.» E: «Posso ver perfeitamente a minha pegada.» Depois, uma declaração esplendorosa: «Pode dizer-se que isto aqui é muito belo.» Numa croniqueta que publiquei na ocasião seleccionei para título estas palavras magníficas de Armstrong: «Vou caminhar para a luz do Sol.» Sempre se dirá que as "tiradas" iam preparadas, a começar pela mais memorável: «... Um pequeno passo, etc.» que de tão conhecida dispensa repetição. Respondo: que importa? No final de um grande espectáculo não se questiona o ensaio que o antecedeu. E assumo a enorme comoção com que ouvi o comandante da missão reproduzir de viva voz a inscrição que lá foi deixada: «Viemos em paz e em nome de toda a Humanidade.» Por um minuto lacrimoso reconciliei-me com a Humanidade. O problema de sempre, o problema humano, é que, findo o espectáculo, as luzes apagam-se neste planeta discrepante e a Humanidade perde-se num quotidiano de infinitas escuridões que nem a luz do Sol consegue dissipar.
Na segunda-feira, porém, gostaria de chamar à festa os heróis ancestrais que sonharam para além dos limites das suas épocas e nos levaram à Lua, em viagens fantásticas, muito antes de Neil Armstrong. Será a minha festa, a nossa festa.
É numeroso e diverso o grupo de convidados, mas terei particular deferência para com dois escritores que no seu tempo foram quase contemporâneos: Jules Verne (o mais premonitório de quantos anteciparam a odisseia lunar) e o perene H.G. Wells.
Inevitável dar lugar condigno a outro pioneiro, que provém da infância literal do cinema, o mágico Georges Méliès.
Muito ele alegrará a nossa festa com as suas ingénuas magias e lances de deslumbramento, levando-nos pela mão, como crianças, ao mundo das crianças: «o mundo de uma criança surpreendida», nas palavras de Georges Sadoul. Pediremos que explique, ternamente, às crianças que seremos nessa noite, como conseguiu ele, em 1902, na sua Viagem à Lua, desdobrar-se nas funções de produtor, distribuidor, realizador, argumentista, encenador, maquetista, director do guarda-roupa e... actor!
Neste género de festas coloca-se de hábito a questão das diferenças geracionais. Não sei ainda como suprir o problema, mas custar-me-ia muito renunciar à companhia de um par inseparável:
Hergé e Tintim.
A verdade é que Armstrong ainda gatinhava quando ambos já haviam pisado o solo lunar.
Aproveitarei a oportunidade para perguntar a Tintim (ou a Hergé) qual foi o sensacional e inexplicado truque usado pelo coronel Jorgen para fazer a viagem da Terra à Lua sem que ninguém tivesse pressentido a sua presença.
E confidenciar-lhes-ei que, ainda hoje, quando alguém não se porta bem comigo, me vem à memória o engenheiro Wolff, o traidor.
Espero que não tenha o desplante de aparecer na nossa festa.
Pelo contrário, será muito bem-vindo Milu, o primeiro cão lunar. Tanto melhor se aparecer naquele especialíssimo fato espacial que põe em pulgas de inveja os canídeos do mundo inteiro.
A lista de convidados, como referi, é extensa. Quer através da expressão literária quer cinematográfica, uma plêiade de criadores encantou gerações sucessivas com a sua capacidade de antecipação científica e tecnológica, inspirando muitas vezes os próprios sábios da engenharia espacial. Todavia, de entre os pioneiros ficcionistas, os louros pertencem sem contestação a monsieur Verne. Faço questão de ele ser o convidado de honra. Mais idoso, e consideravelmente, apenas o compatriota Cyrano de Bergerac, mas essa é uma outra história.
Em relação a monsieur Verne, pactuaremos no seguinte: não lhe diremos que tem vindo a sobrelevar com dificuldade a erosão do tempo (ao contrário do colega H.G. Wells, igualmente precursor das conquistas da ciência). A missão educativa de que o nosso convidado de honra se investiu, eivando a maior parte das ficções de um didactismo pouco aprazível (e, pior – digamos entre nós, em surdina – , nem sempre um bom exemplo de probidade investigativa), casa mal com os padrões modernos do género. Também lhe omitiremos, já se deixa ver, que há muito ele não é, em definitivo, o autor das obras mais vendidas no mundo – «depois da Bíblia», como ressalvavam outrora as badanas promocionais das edições populares portuguesas.
Fique assente, por outro lado, que nem ao de leve mencionaremos o caso do ilustre crítico que se desapiedou ao ponto de considerar nefasta a leitura das suas ficções pelos jovens estudantes, reputando a qualidade estilística das obras «tão precária que deslustra a literatura francesa.» Algum excesso revestirá tal asserção, mas é verdade, bem sabemos, que o nosso convidado de honra descurou amiúde, no limite do defensável, a arte da boa escrita, pecadilho aliás recorrente entre aqueles que levam a prolixidade criativa a níveis incomuns.
Silenciemos, na nossa noite festiva, esses aspectos mais ou menos demeritórios, porque seria injusto não conceder a monsieur Verne o lugar de honra no panteão absoluto dos grandes visionários prescientes.
A odisseia de uma viagem à Lua, por ele ficcionada em 1865 (Da Terra à Lua) e de novo em 1870 (À Volta da Lua), – que editoras francesas estão neste momento a reunir num único volume celebrativo – constituiu uma das primeiras e mais audaciosas antecipações de uma série notável de feitos cuja concretização ocorreria nas décadas seguintes (mais de um século, no caso das aventuras interplanetárias).
A capacidade premonitória de Verne revela-se, nas suas aventuras lunares, genial.
Um exemplo entre mais de uma dezena.
Um exemplo entre mais de uma dezena.
A páginas tantas, o director do "Observatório de Cambridge" afirma ser possível fazer com que um projéctil alcance a Lua «desde que se logre animar tal projéctil de uma velocidade inicial de doze mil jardas por segundo.» Ora essa aceleração corresponde à que se verificaria, na realidade, um século depois, no âmbito dos lançamentos da missão Apolo.
Na noite festiva de segunda-feira, se olharmos muito fixamente a Lua, poderemos descobrir-lhe um sorriso, dirigido a todos nós, mas de forma especial, cúmplice, imorredoura, ao nosso convidado de honra – um velho amigo, muito lá de casa: monsieur Verne.
Na noite festiva de segunda-feira, se olharmos muito fixamente a Lua, poderemos descobrir-lhe um sorriso, dirigido a todos nós, mas de forma especial, cúmplice, imorredoura, ao nosso convidado de honra – um velho amigo, muito lá de casa: monsieur Verne.
Jornalista
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Traço Descontínuo
Ex - Citação
"Algo tem de estar muito mal neste país para que 65 por cento dos portugueses defendam a prisão perpétua e 26 por cento concordem com a pena capital".
Pedro Camacho -Visão
Pedro Camacho -Visão
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Ex-Citações
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Julgava que sabia dançar ?
Então veja este vídeo e depois diga-nos qualqur coisa a respeito...
Enviado por Quimera
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A Caixa que mudou o Mundo
Escola de Karate
Como acontece todos os anos, foi este o estado em que ficaram as carteiras da Escola de Karate, no final do período lectivo.
Agora, há que aproveitar as férias, para substituir o material...
Agora, há que aproveitar as férias, para substituir o material...
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Rir é a Solução
A Capa do Dia
Seguindo o exemplo do "Galo", 25 000 motards dirigem-se para Sul ( os motards para Faro e este vosso escravo para a Quinta da Balaia); a Polícia de Timor ataca as forças da GNR, pobrezinhos e mal agradecidos; a família unida, jamais será vencida, comemora os 70 anos do Presidente; Nuno Gomes, ainda antes do Campeonato começar, dá o favoritismo ao FC Porto ( boa, meu !); o jantar de despedida do M.Pinho ficou por pagar ( coitado, o homem anda com outras "coisas" na cabeça) e, por fim, Carla Matadinho revela...novo namorado( logo ela com tantos outros elementos melhores, para revelar ...). É a silly season...
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1ª Página
Rocinha
A vida na Rocinha estava para lá do suportável.
Até então toda a gente sabia, conhecia e assistia ao trafico diário de droga mas as lutas entre facções pelo domínio de áreas residenciais com melhor posicionamento passou a ser uma constante, imperando a força das armas cada vez de maior calibre e sofisticação.
O tempo da simples pistola de 7 mm ou caçadeira de canos serrados, calibre 12, já fazia parte do passado próximo, agora a M16, a conhecida Kalashnikov, Uzis e outras mais, passando por granadas ofensivas e também as de efeito moral, eram usadas a torto e a direito, tornando quase impossível a entrada da policia civil ou mesmo do BOPE, nas ruelas estreitas e muito inclinadas. Ali o “caveirão” também não chegava.
E a certa altura, também os moradores começaram a ser vitimas inocentes.
Ela não aguentava mais. Apesar de um emprego certo na Rua do Ouvidor, bem no centro do Rio de Janeiro, resolveu partir, deixar a Rocinha, deixar o Brasil.
As lágrimas das despedidas foram muitas mas a decisão estava interiorizada e firme.
Ivonete chegou a Lisboa com uma pequena mala e um sujo papel onde anotara os números de telefones de quem partira antes dela.
A entrada na Europa não foi fácil, a antipatia em relação aos que chegavam ao Aeroporto de Lisboa vindos do Brasil, foi patente.
Mas a sua graciosa figura, o sorriso bonito e simpático bem como o relato que fez dos amigos que a esperavam, tudo isso ajudou a vencer aquela desagradável barreira.
No Bairro onde vivia o casal que a recebeu de braços abertos e com alegria incontida, a sua primeira noite foi de muita tristeza, a saudade era muita e quase não dormiu.
No dia seguinte foi conhecer um pouco da cidade, bem diferente do que imaginara.
Apreciou a cor predominante, o rosa dos telhados antigos e passeou pelo Parque das Nações sempre acompanhada pela gaúcha amiga que lhe dera guarida.
Depressa lhe encontraram um emprego, fruto dos contactos que conseguiu aproximando-se de outros brasileiros, visitas da casa sobretudo aos fins de semana, tempo de cachaças importadas do Brasil e de feijoada bem à moda carioca.
Não era uma vida fácil ,mesmo nada fácil.
Levantava-se cedo e deitava-se tarde, às vezes já para lá das duas da madrugada.
O cansaço de muitas horas em pé labutando na cozinha do restaurante era vencido pela vontade de vencer um desafio que desenhara ainda no Brasil em busca de um futuro sonhado em torno de uma família e de guris, sim, mais de um talvez e de preferência um casalinho.
Sentada no decrépito autocarro que todos os dias a levava a casa, o ultimo da carreira que terminava em Loures, não raro adormecia logo nos primeiros minutos para só acordar quando sentia o motor desligado.
Num dia que jamais esqueceu, adormeceu e nem sentiu que a cabeça tombava sobre o passageiro vizinho.
Este, quase educada e gentilmente, não se mexeu até Ivonete acordar no final da viagem.
Envergonhada, pediu desculpa.
Ponto de partida para um namoro intensamente vivido e que acabou naturalmente, num convite para ir viver com Jónatas.
Pegou nos seus parcos haveres e com ele seguiu num final de dia, para um bairro que desconhecia mas que não ficava muito afastado daquele onde vivera desde a sua chegada a Portugal.
Quando entrou no minúsculo apartamento logo reparou num belo papagaio morto, junto á janela.
Era o Serafim.
Mal teve tempo de largar a pequena mala e logo Jónatas lhe disse que no dia seguinte, partiriam para outro qualquer bairro.
Queria viver este grande amor em segurança. Ali era impossível.
Partiram na manhã seguinte. Era sábado.
Carapau de Corrida
Até então toda a gente sabia, conhecia e assistia ao trafico diário de droga mas as lutas entre facções pelo domínio de áreas residenciais com melhor posicionamento passou a ser uma constante, imperando a força das armas cada vez de maior calibre e sofisticação.
O tempo da simples pistola de 7 mm ou caçadeira de canos serrados, calibre 12, já fazia parte do passado próximo, agora a M16, a conhecida Kalashnikov, Uzis e outras mais, passando por granadas ofensivas e também as de efeito moral, eram usadas a torto e a direito, tornando quase impossível a entrada da policia civil ou mesmo do BOPE, nas ruelas estreitas e muito inclinadas. Ali o “caveirão” também não chegava.
E a certa altura, também os moradores começaram a ser vitimas inocentes.
Ela não aguentava mais. Apesar de um emprego certo na Rua do Ouvidor, bem no centro do Rio de Janeiro, resolveu partir, deixar a Rocinha, deixar o Brasil.
As lágrimas das despedidas foram muitas mas a decisão estava interiorizada e firme.
Ivonete chegou a Lisboa com uma pequena mala e um sujo papel onde anotara os números de telefones de quem partira antes dela.
A entrada na Europa não foi fácil, a antipatia em relação aos que chegavam ao Aeroporto de Lisboa vindos do Brasil, foi patente.
Mas a sua graciosa figura, o sorriso bonito e simpático bem como o relato que fez dos amigos que a esperavam, tudo isso ajudou a vencer aquela desagradável barreira.
No Bairro onde vivia o casal que a recebeu de braços abertos e com alegria incontida, a sua primeira noite foi de muita tristeza, a saudade era muita e quase não dormiu.
No dia seguinte foi conhecer um pouco da cidade, bem diferente do que imaginara.
Apreciou a cor predominante, o rosa dos telhados antigos e passeou pelo Parque das Nações sempre acompanhada pela gaúcha amiga que lhe dera guarida.
Depressa lhe encontraram um emprego, fruto dos contactos que conseguiu aproximando-se de outros brasileiros, visitas da casa sobretudo aos fins de semana, tempo de cachaças importadas do Brasil e de feijoada bem à moda carioca.
Não era uma vida fácil ,mesmo nada fácil.
Levantava-se cedo e deitava-se tarde, às vezes já para lá das duas da madrugada.
O cansaço de muitas horas em pé labutando na cozinha do restaurante era vencido pela vontade de vencer um desafio que desenhara ainda no Brasil em busca de um futuro sonhado em torno de uma família e de guris, sim, mais de um talvez e de preferência um casalinho.
Sentada no decrépito autocarro que todos os dias a levava a casa, o ultimo da carreira que terminava em Loures, não raro adormecia logo nos primeiros minutos para só acordar quando sentia o motor desligado.
Num dia que jamais esqueceu, adormeceu e nem sentiu que a cabeça tombava sobre o passageiro vizinho.
Este, quase educada e gentilmente, não se mexeu até Ivonete acordar no final da viagem.
Envergonhada, pediu desculpa.
Ponto de partida para um namoro intensamente vivido e que acabou naturalmente, num convite para ir viver com Jónatas.
Pegou nos seus parcos haveres e com ele seguiu num final de dia, para um bairro que desconhecia mas que não ficava muito afastado daquele onde vivera desde a sua chegada a Portugal.
Quando entrou no minúsculo apartamento logo reparou num belo papagaio morto, junto á janela.
Era o Serafim.
Mal teve tempo de largar a pequena mala e logo Jónatas lhe disse que no dia seguinte, partiriam para outro qualquer bairro.
Queria viver este grande amor em segurança. Ali era impossível.
Partiram na manhã seguinte. Era sábado.
Carapau de Corrida
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MicroContos
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Brincar aos Médicos, new style
- Onde é que tu estavas? - Pergunta a mãe à filha.
- No quarto, a brincar aos médicos com o Joãozinho.
Ele era o médico e eu a doente.
A mãe dá um grito e um salto da cadeira.
- Aos médicos!?!
- Médicos da Caixa, mãe. Ele nem me atendeu!
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Rir é a Solução
Vigilante apanhado
A gargalhada inconfundível de Sílvio Santos, um dos apresentadores de televisão mais populares do Brasil, ouve-se em fundo, a mostrar que este "apanhado" faz parte de um dos seus intermináveis programas dominicais.
Agora que o frenesim nervoso dos desgraçados dos vigilantes se torna contagiante, lá isso é verdade...
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A Caixa que mudou o Mundo
A Capa do Dia
Os vigaristas dos taxistas do Aeroporto, alguns claro está, continuam a fazer das suas, à boa maneira terceiro mundista; o banco penhora os bens de um antigo presidente do Sporting e Palma Inácio , que assaltou o Banco de Portugal e desviou um avião da TAP, morreu aos 87 anos.
E mais quatro hospitais começaram a tratar dos casos da gripe A...
E mais quatro hospitais começaram a tratar dos casos da gripe A...
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1ª Página
Trinta segundos
Começou por lembrar-se da importante reunião que fazia daquela viagem uma viagem a reter e passou rápida e mentalmente pelos documentos confidenciais arrumados no fundo da pasta fechada com um código de segurança que ele próprio desconhecia para de repente se lembrar do telefonema que a irmã lhe fizera na véspera anunciando que ia ser operada sim era maligno embora não soubesse ainda quão maligno para já não iam dizer nada à mãe vamos deixar passar o natal dissera ela e ele a lembrar-se do primeiro natal sem o pai não sofrera demasiado o pai mas o último internamento tinha-se feito mesmo anunciar como o último já sem conseguir comer e com fralda e aquele rosto entre a súplica e a despedida na última visita ficas bem e ele a saber que no dia seguinte já não o encontraria era sempre assim conseguia pressentir os últimos momentos de qualquer situação como quando o telefone tocou naquela noite e ouviu a voz da mãe do outro lado sem falar e ele só teve tempo de soltar um enorme grito vindo das entranhas e largar o telefone que ficou pendurado e o momento em que o padre recita que deus sabe o que faz e temos de nos resignar nunca se resignou e agora até sorria a lembrar-se fugidiamente porque é que o irmão se ia divorciar afinal a mãe tinha razão a nossa vida dava um guião para o almodôvar onde há sempre uma lésbica e um doente terminal e um morto em circunstâncias sórdidas a mãe sempre a manter a realidade muito real para não se desintegrar de vez e ele volta a pensar na reunião importante o que iria acontecer agora sim ele tinha avisado que era melhor enviar os documentos por avião e ele chegaria depois seria agora que se iam confirmar as suspeitas de que conseguia sempre anunciar o que ainda não tinha acontecido e foi neste momento que o carro se imobilizou e ele só sabia que estava ali e que conseguia mexer-se mas não conseguia perceber em que posição estava quando viu a cara de um bombeiro ao contrário a querer abrir a porta do carro sem conseguir e depois mais um e outro naquilo a que ele já tinha ouvido chamar desencarcerar e foi aí que se viu dentro de uma ambulância cheio de saquinhos e tubos.
No dia seguinte acordou no hospital com uma festa da mãe e disse-lhe: “agora sim, temos o trailer do filme da nossa vida”.
Pinta
No dia seguinte acordou no hospital com uma festa da mãe e disse-lhe: “agora sim, temos o trailer do filme da nossa vida”.
Pinta
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MicroContos
terça-feira, 14 de julho de 2009
Man and God
Man:
- God?
God:
- Yes?
Man:
- Can I ask you something?
God:
- Of course.
Man:
- What is for you a million of years?
God:
- A second.
Man:
- And a million of dollars?
God:
- A penny.
Man:
- God, Can you give me a penny?
God:
- Wait a second...
Enviado por Pirolito142(Our Man in Angola)
- God?
God:
- Yes?
Man:
- Can I ask you something?
God:
- Of course.
Man:
- What is for you a million of years?
God:
- A second.
Man:
- And a million of dollars?
God:
- A penny.
Man:
- God, Can you give me a penny?
God:
- Wait a second...
Enviado por Pirolito142(Our Man in Angola)
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Rir é a Solução
A Capa do Dia
O Kim Jong II sofre de cancro, desejamos as melhores felicidades à doença, os polícias compram coletes e algemas a prestações ( lembram-se da história do Solnado em que ele prendia uma guita às balas para as reaproveitar?), as negativas a Português cresceram 70% ( e ainda há quem diga que nada cresce no nosso País...) e a Microsoft e a Google entretêm-se a fazer braço de ferro.
E mais não digo...
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1ª Página
Terão sido elas ?
Dizer que o barulho me perturba é uma afirmação que precisa ser demonstrada.
No entanto não deixa de ser verdade que alguma coisa me está a perturbar... tanto assim que já perdi três jogos e o Luís é um dos jogadores mais fracos que já defrontei.
Então porquê três jogos?
É verdade que é a primeira vez que jogo nesta sala; é verdade que nunca aqui tinha vindo; é verdade que este grupo feminino que dança, ou que se esforça por dançar, ou tentar dançar me desconcentra... mas também é verdade que já joguei em ambientes muito mais barulhentos e não foi por essa razão que perdi...
Procuremos então a causa.
Bom se calhar foi por isso que já perdi três jogos.
Ponho-me a pensar nas razões que me levam a desconcentrar-me... e zás, desconcentro-me... e perco.
Bolas, este também já foi... que raiva. Assim vão quatro...
Se o Luís chegar aos seis...mas com este já está perdido, vamos aguentar, aguentar, e ao mesmo tempo tentar perceber a causa...
A sala é decadente, mas simpática, os espelhos do fundo um espanto.
O chão é novo. O grupo que dança, ou que tenta dançar é heterogéneo, só mulheres, melhor todas do sexo feminino, porque há ali uma ou duas que são miúdas e dois homens.
Bom, um é brasileiro... e canta e manda... e canta... e dança... e o outro?...O outro?
O outro é um caso. Dançar, não dança. Falar? Não me parece... cantar? É evidente que não...
O que é que ele faz? Ah! agarra na mão da mais miúda das mulheres...porquê?
Porque a rapariga foge? Porque... a rapariga faz disparates?
Porque os pais lha deram à guarda? Porque... porque...
Pronto lá perdi a merda do jogo... E vão cinco.
Caraças se eu não saio desta vou ter de pagar o jantar ao Luís...
E elas saltam... e elas cantam... e elas dançam... e as cartas...
Só faltava este... O Jeremias de sobretudo...“Olá, estás bem?”
E agora senta-se e olha-me para as cartas... e aquelas gajas que pulam... gritam... dançam.. dançam?
... A dançar fico eu se perco este jogo... Gaita... Como é que eu não vi que o Rei ainda não tinha saído? Pronto, mais uns pontos para o Luís... e o Jeremias a tirar o sobretudo... que cheiro a naftalina...
E a música...música? Se isto se chama música...
Irra, que merda, o gajo tem os trunfos todos... as gajas também têm todas... caraças...lá se foi a dama... merda... decididamente não tenho sorte com as mulheres... aquelas ali gritam mais do que cantam... as daqui vão todas para o Luís... e... pronto... lá vou ter que pagar o jantar a este gajo.
Contos do Feeling Estranho
No entanto não deixa de ser verdade que alguma coisa me está a perturbar... tanto assim que já perdi três jogos e o Luís é um dos jogadores mais fracos que já defrontei.
Então porquê três jogos?
É verdade que é a primeira vez que jogo nesta sala; é verdade que nunca aqui tinha vindo; é verdade que este grupo feminino que dança, ou que se esforça por dançar, ou tentar dançar me desconcentra... mas também é verdade que já joguei em ambientes muito mais barulhentos e não foi por essa razão que perdi...
Procuremos então a causa.
Bom se calhar foi por isso que já perdi três jogos.
Ponho-me a pensar nas razões que me levam a desconcentrar-me... e zás, desconcentro-me... e perco.
Bolas, este também já foi... que raiva. Assim vão quatro...
Se o Luís chegar aos seis...mas com este já está perdido, vamos aguentar, aguentar, e ao mesmo tempo tentar perceber a causa...
A sala é decadente, mas simpática, os espelhos do fundo um espanto.
O chão é novo. O grupo que dança, ou que tenta dançar é heterogéneo, só mulheres, melhor todas do sexo feminino, porque há ali uma ou duas que são miúdas e dois homens.
Bom, um é brasileiro... e canta e manda... e canta... e dança... e o outro?...O outro?
O outro é um caso. Dançar, não dança. Falar? Não me parece... cantar? É evidente que não...
O que é que ele faz? Ah! agarra na mão da mais miúda das mulheres...porquê?
Porque a rapariga foge? Porque... a rapariga faz disparates?
Porque os pais lha deram à guarda? Porque... porque...
Pronto lá perdi a merda do jogo... E vão cinco.
Caraças se eu não saio desta vou ter de pagar o jantar ao Luís...
E elas saltam... e elas cantam... e elas dançam... e as cartas...
Só faltava este... O Jeremias de sobretudo...“Olá, estás bem?”
E agora senta-se e olha-me para as cartas... e aquelas gajas que pulam... gritam... dançam.. dançam?
... A dançar fico eu se perco este jogo... Gaita... Como é que eu não vi que o Rei ainda não tinha saído? Pronto, mais uns pontos para o Luís... e o Jeremias a tirar o sobretudo... que cheiro a naftalina...
E a música...música? Se isto se chama música...
Irra, que merda, o gajo tem os trunfos todos... as gajas também têm todas... caraças...lá se foi a dama... merda... decididamente não tenho sorte com as mulheres... aquelas ali gritam mais do que cantam... as daqui vão todas para o Luís... e... pronto... lá vou ter que pagar o jantar a este gajo.
Contos do Feeling Estranho
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A Língua Mãe
"- Nega a Português? FDX! N percxbuh ...extudeis buéx..."
Cartoon de Henrique Monteiro
Cartoon de Henrique Monteiro
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segunda-feira, 13 de julho de 2009
Calor, meu Amor, meu Amor
O gelado é a vacina obrigatória.
Mas de balde, chegamos perto.
Requintes numa luta mais sofisticada.
Armas variadas, num luta sem tréguas.
A Internacional Socialista das bebidas camaradas.
Cada calor, seu paladar.
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West Coast of Europe
Os primeiros modelos desta Campanha foram uma Fadista,
um Escritor e um Futebolista, entre outros.
No lançamento da 2ª fase da mesma, começámos com um Político,
cuja imagem já percorreu Mundo.
Quem será o próximo ?
um Escritor e um Futebolista, entre outros.
No lançamento da 2ª fase da mesma, começámos com um Político,
cuja imagem já percorreu Mundo.
Quem será o próximo ?
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