A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu hoje aos 68 anos.
A autora de "Café Müller", a única peça que interpretou, soube há apenas cinco dias que sofria de cancro,
Nascida em Solingen, na Alemanha, a 27 de Julho de 1940, começou a estudar dança aos 14 anos na Escola de Folkwang d'Essen (ouest) com o coreógrafo Kurt Jooss, um dos fundadores do movimento Ausdruckstanz, uma corrente que combina o movimento, a música e elementos da arte dramática na sua dança.
A passagem pela conceituada escola de dança norte-americana Juilliard permitiu-lhe o contacto com Anthony Tudor, José Limon e Mary Hinkson.
Mais tarde, regressaria à Alemanha para integrar a companhia Folkwang, de Kurt Jooss - assinaria a sua primeira coreografia, "Fragment", sobre música de Bela Bartok em 1968.
Em 1969, ascendia ao cargo de directora artística da Folkwang, que acumulava com a coreografia e a dança em palco.
Figura maior da dança expressionista alemã, Bausch era uma criadora consagrada e uma das maiores coreógrafas do mundo.
Tendo crescido no hotel-restaurante dos seus pais, sempre se pensou que "Café Müller" era inspirado nessa sua experiência, na sua vida, algo que sempre negou .
"Não tem nada a ver com a minha biografia. Chama-se "Café Müller" mas não tem nada a ver com o facto de os meus pais terem tido um restaurante", disse. "Esta peça nasceu de um convite para fazer um trabalho à volta do [dramaturgo britânico William] Shakespeare, um trabalho baseado numa passagem do "Macbeth.
Éramos uns quantos bailarinos, alguns actores e um cantor.
Tínhamos 14 dias até à estreia e achei que não era suficiente.
Decidi chamar mais algumas pessoas o Gerhard Bohner, Hans Pop, Gigi Caciuleano para uma coreografia que se passasse apenas numa sala, o Café Müller, em que cada um poderia fazer pequenas danças e contar as suas próprias histórias, ou até usar a sua própria música.
No fundo, são quatro diferentes "Café Müller" que fazemos juntos.
Como vê, nada tem de privado ou pessoal".