Ao cabo de 40 anos de honrada actividade jornalística
cai-me na cabeça um desmentido.
E logo aqui, no espaço não menos nobilitado do Galo.
Em rigor, o desmentido não é propriamente um desmentido.
É um "desmentido" (assim, com aspas).
Explico: há semanas, a propósito da Gripe A (que, entretanto, ascendeu a um cenário de pandemia) e encerrando uma série de crónicas inspiradas no tema dos vírus, escrevi a frase seguinte: «Dark Vader esconde-se sob a máscara da invisibilidade absoluta.»
Passados dias, um renomado jornalista, tão geronte como eu e antigo companheiro de jornadas comuns, que se confessa visitante assíduo do Galo (freguesia selecta, eu sabia), fingindo não se ter apercebido do sentido alegórico da frase, arrasa-me: «O que se esconde sob a máscara do Dark Vader é o actor David Prowser, um gigante de dois metros e 130 quilos de peso!»
Para não restarem dúvidas, avisou que procuraria um divertido conjunto de registos fotográficos que me enviaria oportunamente.
Nesse documentário se revelava, lado a lado, os actores e respectivas personagens na histórica série d' A Guerra das Estrelas.
Promessa agora cumprida, como se verá nas imagens reproduzidas adiante.
por excelência da mitologia Star Wars.
O Lorde Negro do Sith, corpo e alma da perfídia.
Distinguiu-se em tempos como um intrépido guerrreiro Jedi mas traiu o seu mestre espiritual e colocou a Força ao serviço do Império do Mal.
Em combates inúmeros foi perdendo alguns dos seus órgãos, sucessivamente substituídos por elementos mecânicos.
George Lucas diria que a criação da figura de Vader originou um número de "abordagens plásticas" superior à dos restantes protagonistas.
George Lucas diria que a criação da figura de Vader originou um número de "abordagens plásticas" superior à dos restantes protagonistas.
Houve, desde o início do projecto, a ideia impositiva de que a personagem deveria incutir a sensação de uma prepotência malévola, a visão assombrosa do Mal, sem que o espectador pudesse identificar-lhe a fisionomia: «O maior tirano não desvenda o rosto.»
Um corpo ciborguiano (fusão de uma parte orgânica com outra cibernética) parecia adequar-se ao plano e prevaleceu.
Ralph McQuarrie, o talentoso cenografista do projecto, desenhou um vulto sinistro, inspirado nos trajes negros dos guerreiros samurais, e cumpriu o objectivo de impedir o reconhecimento do rosto mediante uma máscara pavorosa.
O próprio Lucas o descreveria nestas palavras: «Uma figura com vestes negras, soltas, roçando o chão, e a face coberta por uma máscara de respiração em metal negro, funcional, ainda que bizarra.»
Ao caminhar, dir-se-ia que desliza «como se andasse sobre trilhos.»
Definida a imagem, faltava encontrar o «corpo» que animaria o horrífico ser.
Lucas chamou para o efeito o ultravigoroso Prowser.
Por uma única vez se consegue ver, numa cena fugaz (morte de Vader), o rosto do actor.
considerada "branda" em função do ente colossal
e despótico que a personagem deveria transmitir.
Optou-se então pela voz de um outro actor,
também americano e mais conhecido, James Earl Jones.
Sempre imaginei que um dos "robots" mais populares do Universo,
não sendo propriamente animado por meios robóticos,
o fosse por processos mecânicos.
Mas não.
O atarracado "robot" trípode R2-D2 (Artoo-Detoo)
tem no seu interior um anão de nome Kenny Baker.
A ilustração condoi-nos:
o suplício que ele terá passado dentro daquela barrica metálica!
mas de concepção humaniforme: C-3PO (Threepio).
Sob o seu invólucro áureo está o actor Anthony Daniels,
sendo dele próprio a voz maviosa
em que se exprime o "robot" paternal e um tanto medroso.
Registo uma confidência de despedida por parte do meu colega:
Registo uma confidência de despedida por parte do meu colega:
«Que saudades destes filmes do velho Lucas!»
Acrescento: que saudades do tempo passado
Acrescento: que saudades do tempo passado
em extensíssimas filas a aguardar uma hora ou mais
para conseguir uma entrada no cinema!
O Bem e o Mal confrontavam-se então
O Bem e o Mal confrontavam-se então
na mais elementar visão maniqueísta,
como nas epopeias cavaleirescas.
A bondade dos bons é tanto maior quanto a maldade dos maus.
Dos maus exige-se uma malignidade suprema.
De contrário não poderão os bons desagravar,
em combates cintilantes e mortais, a honra, a justiça,
a paz, a liberdade ofendidas.
Este preceituário garante sempre um bom espectáculo.
Este preceituário garante sempre um bom espectáculo.
Mas, nos anos 70, a apoteótica imaginação de George Lucas
e o emergente delírio criativo dos efeitos visuais
davam às epopeias um sabor inesquecível.
Eu como fã incondicional da Guerra das Estrelas adorei este post.
ResponderExcluirObrigado e parabéns, Pedro Foyos.
Mas também a mim que não aprecio ficção ciêntifica me agradou este texto informativo.
ResponderExcluirTenho várias edições de coleccionador da Star Wars, conhecia a quase totalidade dos pormenores mencionados, mas, mesmo assim, gostei bastante deste post. Só é pena que o autor pareça tão esporadicamente.
ResponderExcluirPara quando um MicroConto?