Fui de carro, como eu gosto, com a companhia de um moçambicano que partilha um espaço da minha casa e é o responsável pelo projecto da fábrica de água de mesa que estamos a construir.
A cidade do Huambo é a antítese de Luanda: sossego, limpeza, bom clima.
Tinha ido ao Huambo, digo Nova Lisboa, em 1975 para "pedir a mão" da Rosário, a mãe do Afonso.
O pai da Rosário, Manuel Malheiro, era um importante industrial radicado em Angola onde queria permanecer não fossem as condições de vida adversas que naquela altura da pré-independência se verificavam.
Nunca se tinha sentido atraído pela vida na Metrópole e o Portugal de então pouco lhe dizia.
Os seus últimos anos de vida foram de algum desconforto pela contrariedade que tinha relativamente ao estilo de vida que aí vigorava.
Pouco me lembro da Nova Lisboa dessa época, talvez por os meus "interesses" estarem concentrados noutro sentido.
Tirei alguns slides que guardo religiosamente e espero digitalizar em breve para depois comparar com as fotografias (agora em digital) que tirei nesta viagem e que incluo uma selecção.
A viagem em si é uma aventura visual pela diversidade da paisagem com a transição do litoral para o planalto central onde fica Huambo.
É uma estrada com rectas a perder de vista, ora ladeada de capim, de pequenas aldeias, com rcuamento de linhas de água, cujas pontes estão em reabilitação e nos fazem abrandar a marcha. Viajar nesta estrada é relativamente perigoso, sobretudo por causa dos camiões que rodam a altas velocidades, e param com avarias sem qualquer sinalização.
Há três pontos de paragem, para esticar as pernas, tomar um café (se houver) e reabastecer de combustível (é sempre bom não deixar o nível do depósito descer abaixo do meio, porque nunca sabemos se a próxima bomba de gasolina tem combustível, e a próxima bomba de gasolina significam 200 kms. pelo menos):
- Dondo, perto da barragem de Cambambe, uma cidade que já foi industrial à beira do rio Kuanza, já referida num "cena" do ano passado:
- Quibala ou Kibala, no Kuanza Sul, é uma encruzilhada para Gabela e Sumbe, e o início das zonas agrícolas ricas. A estrada é ladeada de enormíssimos afloramentos graníticos, alguns com formas bizarras.
- Waku Kungo, uma região que o governo está a usar para fazer o realojamento de ex-militares, com projectos agro-industriais muito bem sucedidos e construídos à medida dos camponeses locais.
- Dondo, perto da barragem de Cambambe, uma cidade que já foi industrial à beira do rio Kuanza, já referida num "cena" do ano passado:
- Quibala ou Kibala, no Kuanza Sul, é uma encruzilhada para Gabela e Sumbe, e o início das zonas agrícolas ricas. A estrada é ladeada de enormíssimos afloramentos graníticos, alguns com formas bizarras.
- Waku Kungo, uma região que o governo está a usar para fazer o realojamento de ex-militares, com projectos agro-industriais muito bem sucedidos e construídos à medida dos camponeses locais.
O Huambo é uma cidade muito bem organizada, muito limpa com ruas muito bem pavimentadas, sem engarrafamentos de tráfego e sem filas para as bombas de gasolina, um dos quebra-cabeças de Luanda.
O clima é mediterrânico e encontrei um sítio, a Granja do Pôr-do-Sol, que me fez sentir como se estivesse em Portugal, muito bem cuidado e agradável.
O objectivo da minha viagem era visitar uma hotel que havia sido construído nos últimos tempos do período colonial e que foi ocupado (e vandalizado) após a independência.
No entanto, a estrutura está muito boa, tem um terreno fantástico no centro da cidade e, se o projecto for para a frente (claro que os promotores querem uma exorbitância) será uma referência para a cidade.
Fiquei no segundo melhor hotel (só há dois e o Ritz estava cheio), chama-se Nino e na madrugada da primeira noite acordei com uma inundação no quarto daquela água escura que corre nos esgotos: uma aventura.
O objectivo da minha viagem era visitar uma hotel que havia sido construído nos últimos tempos do período colonial e que foi ocupado (e vandalizado) após a independência.
No entanto, a estrutura está muito boa, tem um terreno fantástico no centro da cidade e, se o projecto for para a frente (claro que os promotores querem uma exorbitância) será uma referência para a cidade.
Fiquei no segundo melhor hotel (só há dois e o Ritz estava cheio), chama-se Nino e na madrugada da primeira noite acordei com uma inundação no quarto daquela água escura que corre nos esgotos: uma aventura.
Mas acreditem: ao fim do segundo dia comecei a sentir saudades de Luanda, deste frenezim quotidiano, do elevador que não funciona no meu escritório (que é no 13º andar), das constantes faltas de energia em casa (e nem sempre o gerador arranca), das infindáveis horas passadas no trânsito.
Mas que pouco me afectam, pela compensação que tenho no que vou conseguindo fazer pelos projectos que tenho que gerir.
Mas que pouco me afectam, pela compensação que tenho no que vou conseguindo fazer pelos projectos que tenho que gerir.
Pirolito 142 ( Our Man in Angola)
Gostei imenso do relato.
ResponderExcluirConheci um pouco ( muito pequenino ) de Angola lá pelos idos de 1968 e estive também em Nova Lisboa. Linda como tantas outras cidades que visitei.
Só desejo que os angolanos saibam fazer de Angola, o grande e rico País que pode ser para todos quantos lá vivem e trabalham.
Acompanho sempre com muito interesse os postais do Pirulito 142 ( o nickname mais exótico deste blog)mas este, pela relação texto/fotos, ultrapassou tudo o publicado, até aqui. Parabéns.
ResponderExcluirDeve ser uma aventura permanente essa vida por aí. Curiosamente, uma ou duas das fotos remetem-me para o Alentejo. Não conheço Angola, claro.
ResponderExcluirBelo post.
ResponderExcluirE o pobrezinho aí no mato, sózinho? não quer que a nêga vá fazer um cafuné ?
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